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A special edition that celebrates 400 years of several generations of the Van Zellers family connection to Port wine trade and the Douro wine region. In a first phase as general merchants in which wines were included and later more dedicated to Port wine from 1780 onwards, the year the company was founded.
Port wine was and is the history and foundation of Van Zellers & Co. that "it has always been a Port wine company, with table wine.".
Despite having always maintained its activity throughout its history, we can consider that the company's most recent phase began in 2019, followed in 2020 by the renovation and presentation of a new image without ever losing its own aesthetics associated with a century-old historical Port wine house - with new concepts and communication strategy, a new visual identity (which extended to new bottle formats) also present on its social platforms. According to the new definitions, vintage Port is part of the "crafted by nature" wine family, in other words, wines in which nature has a prominent role and the aim is to bottle what nature has created.
The 2020 viticultural year was dramatic, very dry, very difficult and demanding as there had been no records for a long time, with vines under water stress and production breaks and very heterogeneous quality levels (as we noted right after the harvest: Douro, the 2020 general harvest report). These conditions favored a high concentration of sugars in the grapes.
In the long and rich history of Port wine, the characteristics of this peculiar year allowed Cristiano Van Zeller to establish a comparison with past 1811, 1820 and 1832 harvests, but mainly 1820 which was also an atypical year, very hot and dry and with abnormal concentrations of sugar in grapes which meant that during fermentation, the sugar did not completely converted into alcohol and the result was wines that were naturally sweet, contrary to what happened until then, the wines fermented completely and were dry wines (grape brandy was added only after fermentation was complete, just before shipment, to better withstand time and travel to the destination markets). So, the wines from the 1820 harvest represented a paradigm shift in the profile of Port wines as these sweeter wines were a success and became more appreciated. From then on it was possible to discover the process of stopping fermentation with the addition of grape brandy managing to produce sweeter wines.
Returning to 2020, despite all the difficulties, it was possible to select the best grapes of the year from the best vineyard parcels with proven results in several vintages, in absolutely perfect conditions, an essential prerequisite.
This vintage Port was produced from a field-blend of more than 25 traditional Douro grape varieties originating from several old vine plots over sixty years old, located in the Torto river valley and also from a vineyard parcel in Valença do Douro (at higher altitude and facing norh and east), which is also used for Port wines.
After selecting the grapes, vinification followed with traditional methods, that continue to be assumed by Van Zellers & Co. as the best to produce quality Port wines despite all recent innovations in this area. The grapes were foot trodden in traditional granite "lagares" with an approximate capacity of 4000kg.. The friction of the granite and a dedicated and concrete tread, favors a good extraction. The co-fermentation of the several grape varieties is natural and spontaneous, with wild indigenous yeasts (those that have always been naturally present in the vineyards and also in the cellar that are adapted to the place and that best reflect the typicallity of the Douro terroir).
During fermentation several "pied de cuve" were prepared, i.e., small amounts of must fermented separately, a technique used to manage fermentation, guaranteeing the start of a new fermentation if necessary, but also used to ensure a better integration and homogenization of grape brandy. This year, the decision was taken for a longer fermentation period as a way of dealing with the high concentration of sugars which resulted in the need to add a smaller quantity of grape brandy in the fortification process.
Until bottling it undergoes a stage, between 18 to 24 months, in old oak barrels or vats with variable capacities, between 600 and 10.000 liters. Another curiosity at Van Zellers & Co. is that vintage Port wines until bottling and despite the controlled temperature of the warehouse where Port wines are stored and aged in São João da Pesqueira, are transferred from the wood barrels to stainless steel vats, where they spend the summer period.
It was bottled without any treatment, fining or filtering - indeed vintage Port is an example of what a natural wine is - in numbered bottles - of the 2800 bottles produced, this was number 282. After numerous details, the last one after bottling, is the hand-sealing of the bottles with wax.
Tasting notes
Very dark ruby color with great depth. It is aromatically intense and with the characyeristics of a very young vintage Port, the primary aromas and flavors of very lively fresh fruit, ripe black fruit such as blackberries and blueberries, but also black plums, some floral aromas and a slightly peppery flavor. On the palate it has a great structure and concentration, firm tannins, with good acidity, with a good sensation of freshness, intense and savory. It has a drier, semi-dry profile, the result of a longer fermentation. Very long and persistent finish. Very good.
Vintage Port wine can perfectly be served at a lower temperature than recommended because it will quickly reach 16 to 18ºC during consumption.
At this very early stage, when it has just been bottled, decanting will not be necessary once the sediment will form over the years of ageing in bottle. The same cannot be said in 20 years. For its finest hour, see you many years from now.
The Van Zellers & Co. 2020 Vintage Port Ocean Aged
Of this vintage, 102 bottles were submerged 10 meters deep in the Atlantic Ocean in the Port of Sines (on last December 7, 2022) and will remain submerged for a period of 11 months (they return to the surface on next November 16, 2023), the "Van Zellers & Co. 2020 Vintage Port Ocean Aged" - which the house annouces as the first Vintage Port in history to age under water - a smart marketing coup, no doubt, but one that is nonetheless interesting to know about the effects of this ageing period in the wine, the underwater pressure, the absence of light and low temperature - and then comparing it with the one that remained on the surface kept in the wine cellar.
Van Zellers & Co. Porto Vintage 2020
Uma edição especial que celebra os 400 anos da ligação de várias gerações da família Van Zeller ao comércio do vinho do Porto e à região do Douro. Numa primeira fase, como comerciantes gerais em que os vinhos estavam incluídos e depois, mais dedicados ao vinho do Porto a partir de 1780, ano de fundação da casa.
O vinho do Porto foi e é a história e a base da Van Zellers & Co. que "foi sempre uma empresa de vinho do Porto, com vinho de mesa".
Apesar de ter mantido sempre a actividade ao longo da sua história, podemos considerar que a mais recente fase da companhia teve início em 2019 acompanhada em 2020 com a renovação da imagem e apresentação de uma nova estratégia de comunicação, sem perder uma estética própria associada a uma casa histórica centenária de vinho do Porto, novos conceitos e uma renovada identidade visual (que se estendeu a novos formatos de garrafas para o portfolio de vinhos do Porto), presente também nas plataformas sociais. Nesta linha, o Porto vintage insere-se na família dos vinhos "criados pela natureza" ("crafted by nature"), vinhos em que a natureza tem o papel de destaque e em que se pretende engarrafar o que a natureza criou.
O ano vitícola em 2020 foi dramático, muitissímo seco, muito difícil e exigente, como não havia registo há muito tempo, com as videiras em stress hidríco, quebras na produção e níveis de qualidade muito heterogéneos (como registamos logo após a vindima: Douro, o relatório geral da vindima 2020). Estas condições favoreceram uma elevada concentração de açúcares nas uvas.
Na longa história do vinho do Porto, as características deste ano permitiram a Cristiano Van Zeller estabelecer uma comparação com as colheitas de 1811, 1820 e 1832, mas principalmente 1820, que foi também um ano atípico, muito quente e seco e com concentrações anormais de açucar nas uvas, com a consequência de, durante a fermentação, o açúcar não se ter desdobrado totalmente em álcool e os vinhos resultantes ficarem naturalmente doces, ao contrário do que acontecia até então, em que os vinhos fermentavam completamente e eram secos (a aguardente vínica só era acrescentada depois de concluída a fermentação e antes do embarque, para os vinhos resistirem melhor ao tempo e à viagem até aos mercados de destino). Os vinhos da colheita de 1820 representaram uma alteração do paradigma do perfil dos vinhos do Porto, uma vez que esses vinhos mais doces foram um sucesso e passaram a ser os mais apreciados. Conseguindo-se depois, descobrir o processo de paragem da fermentação com a adição da aguardente vínica.
Regressando a 2020, apesar das dificuldades, ainda assim, foi possível uma selecção das melhores uvas do ano, das melhores parcelas de vinhas com provas dadas em várias vindimas, em condições absolutamente perfeitas, um pressuposto imprescíndivel.
Este Porto vintage foi produzido a partir de um field-blend de mais de 25 castas tradicionais da região com origem em vinhas velhas com mais de sessenta anos, localizadas no vale do rio Torto e também numa parte de uma vinha de Valença do Douro (a maior altitude e voltada a norte e este) que é utilizada habitualmente para os vinhos do Porto da casa.
Após a selecção das uvas, seguiu-se a vinificação com os métodos tradicionais, que se mantêm na Van Zeller & Co., e que continuam a ser assumidos como os melhores para a produção de vinhos do Porto de qualidade, apesar de todas as recentes inovações nesta área. As
uvas foram pisadas a pé em lagares tradicionais de granito com uma
capacidade aproximada para 4000kg. de uva. O atrito do granito e uma
pisa dedicada e concreta favorecem uma melhor extracção. A co-fermentação das diversas castas é natural,
espontânea, com as leveduras indígenas selvagens (as que estão
naturalmente presentes desde sempre nas vinhas e também na adega, que
estão adaptadas ao local e que melhor reflectem a tipicidade do terroir
duriense).
Durante a fermentação foram elaborados vários pés de cuba ("pied de cuve") - pequenas quantidades de mosto fermentadas à parte - uma técnica que tem como objectico a gestão da fermentação, garantindo o início de nova fermentação se necessário, mas que também assegura uma melhor integração e homogeneização da aguardente vínica. Neste ano, optou-se por um período de fermentação mais longo, como resposta à elevada concentração de açúcares das uvas e a consequente necessidade de adição de menor quantidade de aguardente vínica durante o processo de fortificação.
Até ao engarrafamento, passou por um estágio entre 18 a 24 meses, em barricas de carvalho antigas e com capacidades variáveis, entre os 600 e os 10.000 litros. Na Van Zellers & Co., os vinhos do Porto vintage, até ao
engarrafamento, e apesar da temperatura controlada dos armazéns onde
estagiam em São João da Pesqueira, são retirados das barricas e tonéis
para cubas de inox, onde passam a época de verão.
Foi engarrafado sem qualquer tratamento, colagem ou filtragem - o Porto vintage é o exemplo do que é um vinho natural - em garrafas numeradas, das 2800 garrafas produzidas esta era a n.º 282. Depois de inúmeros pormenores, o último detalhe, após o engarrafamento, é a finalização manual com a selagem das garrafas com lacre de cera.
As impressões de prova
Tem uma côr rubi muito escura e com grande profundidade. É aromaticamente intenso e com todas as características de um Porto vintage muito jovem, os aromas e os sabores primários de fruta fresca muito viva, fruta preta madura como amoras e mirtilos, mas também lembra ameixas pretas, notas florais e um ligeiro apimentado. Na boca, com boa estrutura e concentração, taninos firmes e boa acidez, com uma boa sensação de frescura, intenso e guloso. Tem um perfil mais seco, meio-seco, que é o resultado de uma fermentação mais prolongada. Final muito longo e persistente. Muito bom.
O Porto vintage pode perfeitamente ser servido a uma temperatura inferior à recomendada, porque rapidamente chegará aos 16, 18ºC durante o consumo.
Nesta fase inicial em que acabou de ser engarrafado, não é necessária a decantação, o sedimento formar-se-á com os anos de envelhecimento em garrafa. O mesmo não poderá ser dito daqui a vinte anos. Agora, para o seu melhor momento, até daqui a muitos anos.
O Van Zellers & Co. Porto Vintage 2020 Ocean Aged
Deste vintage, 102 garrafas foram submersas a 10 metros de profundidade no Oceano Atlântico no porto de Sines (no passado dia 7 de Dezembro de 2022) e vão ficar submersas por um período de 11 meses (voltam á superfície no próximo dia 16 de Novembro de 2023), será o "Van Zellers & Co. 2020 Vintage Porto Ocean Aged" - que a casa anuncia como o primeiro Porto vintage da história a estagiar debaixo de água - um inteligente golpe de marketing, sem dúvida, mas uma experiência que não deixa de ser interessante e despertar curiosidade sobre os efeitos deste estágio no vinho, a pressão subaquática, a ausência de luz e a baixa temperatura, compatando-o depois com o vintage que ficou guardado à superfície na adega.
Text and photos/texto e fotografias
©Hugo Sousa Machado
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