quinta-feira, 5 de maio de 2022

The White Port wine & Tonic manifesto, P&T

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1. Ideally dry white and extra-dry white Port wines, but also semi-dry and sweet white Port wines are admissible. We are considering here, young, current white Port wines. In order not to be too conservative we can also consider pink Port and even the lesser known "Quinado" wine (1).

2. Add a slice of lemon, lime or grapefruit (slice cut into quarters preferably), some mint leaves and fresh ice, i.e., ice made very recently (home made with mineral water), old ice long stored in the freezer is useless and will spoil the drink. More imaginative ingredients are possible, adding for example, fresh thyme and other green and less green ingredients, more or less aromatic and more or less colorful, mostly reserved to show off...

3. The critical point: for the hasty and misguided, upstarts who love novelty for the sake of novelty, the poor initiates and disciples of the devil in general, very recent and innovative, irreverent, modern and also simplistic canned 25cl versions of what is called "Tonic Port", "Portonic", "Grab and go", "Ready to drink cocktail" are available, however, these costly reductive versions seriously harm the experience and knowledge of the white Port style diversity available on the market and proposed by the different Port wine houses (the same can be said of the different tonic waters), but above all, the illiberal proportions unworthy of the connoisseur, defined at the onset as a very restrictive formula, i.e., just a 1/3 portion of white Port wine for 2/3 of tonic water, which allow us to conclude that, stricktly speaking, companies are selling more tonic water than white Port (whose brand is unkown, despite being the main ingredient of these drinks) with a little white Port wine, but not too much, about 8,3cL, so too much liberality on the tonic water, to which is added a fleeting note, an impression or an aroma of white Port wine. All this will be even more diluted if ice is added. Thus, the 25cl canned proposals must be rejected, above all for the indignity of proportions and for constituting a limitation on the individual freedom of the serious connoisseur of a good aperitif.

And no, it doesn't seem to me that this is a getway to the special Port wine wolrd, that whoever starts trying one of this cocktails in a can ends up later devotting attention and valuing vintage Port or old tawnies.

4. A much more interesting starting point, with great benefit, would be a more generous and honest proportion, 1/2 + 1/2 for a good classic White Port and tonic, and not to use in white Port and tonic the usual proportions of other cocktails with destilled drinks in vogue. In any case don't be restrictive.

5. Another good and simpler alternative is, white, pink Port wine or "Quinado", just on its own, on the rocks with a slice of lemon.

6. The moment: it's a drink for the whole year round and not just remembered and tasted in Spring and Summer.

    Because less is more, in today's feverish perspective on colorful and bold mistures, the proclaimed "mixologies", we must not forget the pleasure of the starting point, the white Port wine of different styles and varying degrees of sweetness, some more serious, that have gone through longer stages of wood ageing, with some evolution and more complex, for which I dare not advise and promote its mixture even in a simple cocktail, but should be reserved to be tasted fresh (6ºC to 10ºC), simple, on their own, in a classic Port wine glass or a good white wine glass, thus maintaining their full identity, complexity and dignity (and ours too, I trust), all the aromas and flavors that have developed over the years of ageing. More than one of these options should always be kept in the fridge, a wise option....

    A more general final note, to whom it applies, on the aesthetic side of the act of drinking an aperitif: when holding the cocktail glass (in any case, any other wine glass) the little hand finger should not be stretched out on the base of the glass, a position that is not only unaesthetic, but also it's an attitude that causes excessive stress on the remaining hand fingers that hold the glass.


    Note: (1) "Quinado" wine: appeared in the 1920's, it was then a Port wine style, that was based on a ruby Port wine to which very small doses of quinine were added, considered a wine with fortifying propertries. It was much appreciated as an aperitif in the former portuguese colonies (where it was consumed as preventive for malaria), regions with warmer climates, such as Brazil.

©Hugo Sousa Machado


O Manifesto do Porto Tónico, P&T

1. São admissíveis, idealmente, vinhos do Porto brancos extra-secos e secos, mas também meio-secos e mesmo doces. Estamos a pensar em vinhos do Porto brancos jovens. Para não ser demasiado conservador, acrescente-se os vinhos do Porto rosés e ainda, com vantagem, o menos conhecido vinho "Quinado" (1).

2. Com uma rodela (ou mais) de limão, lima ou toranja (rodela cortada em quartos preferencialmente), folhas de hortelã, gelo fresco, i.e., gelo feito recentemente (feito em casa e com água mineral), o gelo velho, há muito guardado no congelador não serve. Versões mais imaginativas são obviamente possíveis, que acrescentam por exemplo tomilho fresco e outros ingredientes verdes e menos verdes, mais ou menos aromáticos e mais ou menos coloridos, principalmente reservados para das nas vistas...

3. O ponto crítico: para os apressados e mal orientados, arrivistas e adoradores da novidade pela novidade, os pobres iniciados pouco avisados e discípulos do diabo em geral, foram criadas as recentíssimas e muito inovadoras, irreverentes, modernas e simplistas propostas enlatadas 25cl do que chamam "Porto Tónico", "Portonic", "Grab and go", "Ready to drink cocktail", no entanto, estas versões caras e redutoras prejudicam gravemente a experiência e o conhecimento da diversidade dos vinhos do Porto brancos propostos pelas diferentes casas e disponíveis no mercado (o mesmo se poderá dizer das diversas marcas de água tónica), mas sobretudo, as proporções pouco liberais, indignas do apreciador, definidas à partida numa fórmula restritiva, ou seja, apenas 1/3 de Porto branco para 2/3 de água tónica, o que permite concluír que, em rigor, as firmas de vinho do Porto estão a vender sobretudo água tónica (que é incógnita, apesar de ser o ingrediente principal destas bebidas) com um pouco de vinho do Porto, mas não muito, são cerca de 8,3cl. Demasiada liberalidade na água tónica a que se junta um apontamento fugaz, uma impressão num aroma de vinho do Porto. Tudo isto ficará ainda mais diluído se se juntar gelo. Assim, as versões minimalistas 25cl enlatadas, do que se poderia chamar bebidas refrigerantes, devem ser rejeitadas, acima de tudo, pela proporção proposta e por constituírem uma séria limitação à liberdade do apreciador sério.

E não, não me parece que se trate de uma porta de entrada para o mundo dos vinhos do Porto especiais, que quem começa por experimentar um destes cocktails em lata, acabe mais tarde por dedicar a sua atenção e valorizar um Porto vintage ou um tawny envelhecido.

4. O ponto de partida aqui proposto, com maior proveito e muito mais interessante, deverá ser mais generoso, 1/2 + 1/2, e não aplicar ao Porto tónico as medidas correntes para outros cocktails com bebidas destiladas em voga. Nunca menos do que esta honesta proporção para um bom Porto tónico clássico. Em todo o caso, o princípio é não ser restritivo.

5. Outra alternativa simples a considerar será, vinho do Porto branco ou rosé, ou vinho "quinado", simplesmente, por si só, com gelo e limão.

6. Trata-se de uma bebida para todo o ano e não só falada e apreciada na Primavera e Verão.

    E porque menos é mais, com a febril perspectiva actual de misturas, a proclamada "mixologia", coloridas e arrojadas, não devemos esquecer o prazer do ponto de partida, os vinhos do Porto brancos de diferentes estilos e diversos graus de doçura, uns mais sérios, com mais anos de envelhecimento e mais complexos, para os quais não me atrevo a considerar ou promover qualquer mistura, mesmo no cocktail mais simples, devem ser reservados para serem apreciados com a temperatura correcta, frescos, simples, por si só, assim mantêm a dignidade (e confio que a nossa também), os aromas e sabores que conforme os casos, se desenvolveram ao longo de anos de envelhecimento. Mais do que uma destas opções no frigorífico é uma atitude avisada...

    Uma nota final mais geral, a quem se aplicar, sobre o lado estético do aperitivo: quando se segura o copo de cocktail (em todo o caso, qualquer copo de vinho), não deve ser dada preponderância ao dedo mínimo da mão, que deve descansar e não estar estendido e destacado na base do copo, uma posição que, para além de inestética, provoca desnecessária pressão sobre os restantes dedos da mão que segura o copo.

    Nota: (1) Vinho "Quinado": surgiu nos anos 20 do séc. XX, era então uma variedade de vinho do Porto que tinha como base um vinho do Porto ruby ao qual se adicionavam pequeníssimas doses de quinino, considerado um vinho com propriedades fortificantes. Era muito apreciado como aperitivo nas antigas colónias portuguesas (onde era consumido como preventivo para a malária), regiões de climas mais quentes, como o Brasil.

©Hugo Sousa Machado