Quinta de Ventozelo, Ervedosa do Douro. |
O Outono
A calma regressou às vinhas, com as cores de Outono e o início de um novo ciclo, a chuva também reapareceu, em força, chuva forte e intensa em toda a região apartir de meados de Outubro, os dias estavam cinzentos e com muita chuva durante vários dias, que depois se prolongou até Novembro.
A partir de meados de Novembro tem início a apanha da azeitona (a partir do dia 14 nos olivais da Wine & Soul, e na Quinta do Vale Meão, respectivamente nas sub-regiões do Cima Corgo e Douro Superior) que, com a viticultura, é outra das importantes culturas no Douro e uma importante fonte de rendimento para muitos produtores, agora com bom tempo, dias de sol e tempo seco.
A partir de 19 Novembro as temperaturas começam a baixar para valores próximos dos registos médios em toda a Região Demarcada e nos dias seguintes (21 e 22), sol e frio, uma massa de ar polar faz cair as temperaturas mínimas no interior norte e no centro do país, entre 5ºC a 6 ºC. Depois voltou a chuva no final do mês.
Aproxima-se o descanso de Inverno. À medida que o tempo frio se aproxima e indica a mudança de estações, a vinha entre no período de dormência de Inverno, as vinhas despedem-se das folhas e entram em repouso. Por estes dias, iniciam-se já, em algumas vinhas, os trabalhos de poda, uma operação crucial, sobretudo quando pensamos em vinhas velhas, uma vez que tem uma influência directa no crescimento das vinhas, na saúde e longevidade da videira e na qualidade da produção da próxima vindima. Nas quintas da Ramos Pinto a época da poda começou no dia 28 de Novembro.
O fim do Outono e início do Inverno e Dezembro com dias frios, as temperaturas baixam para valores inferiores aos registos médios em toda a região (entre 2ºC a 3ºC) e as geadas matinais cobrem as vinhas e o solo.
(Como curiosidade: para prevenir os estragos causados pelas cada vez mais frequentes tempestades de granizo, na discussão do orçamento de estado para 2024, foi aprovada a instalação de canhões antigranizo para protecção das culturas agrícolas no norte do país – sistemas antigranizo destinados à prevenção e protecção das culturas, entre as quais a vinha, nas regiões mais vulneráveis a este fenómeno climatérico – ao que parece, as experiências anteriores realizadas com estes dispositivos tiveram resultados positivos).
O Inverno
Nos últimos dias de Dezembro e primeiros dias o novo ano, a chuva regressou e as temperaturas estavam acima dos valores médios. As vinhas estavam em plena fase de dormência, uma fase de repouso vegetativo - num merecido descanso que contribuí para o seu fortalecimento e acumulação de energia para o renascimento que ocorrerá na próxima Primavera (as condições ideais para que a planta efectue uma boa hibernação, seria um Inverno rigoroso com temperaturas bem abaixo dos 10ºC e uma temperatura interna do solo inferior a 5ºC).
Quando a natureza repousa, o silencio das paisagens durienses no Inverno é interrompido pelo recomeço dos trabalhos na vinha - os trabalhos de poda de Inverno - que nesta altura do ano se intensificam, uma prática antiga e essencial que constitui uma actividade fundamental e especializada na viticultura, para garantir as melhores condições das vinhas para a floração que ocorrerá nos meses seguintes. É uma intervenção nas videiras que consiste no corte das varas que se desenvolveram durante o ano vitícola que terminou, na parte lenhosa não produtiva, definindo e deixando os pontos (gomos) na base que por sua vez vão dar origem a novos rebentos e a novos ramos. O objectivo é promover o equilibro vegetativo e regularizar o potencial produtivo da videira, limitando o número de vara e cachos a desenvolver, o que vai permitir à planta concentrar os recursos de forma mais eficiente concorrendo para a vitalidade da vinha, regularização da produção e para a qualidade e longevidade da videira.
Para corrigir a eventual ausência das temperaturas médias ideias de frio durante o período de dormência, é possível proceder a uma poda mais tardia, com o objectivo de atrasar o abrolhamento, prevenindo os efeitos das geadas primaveris que podem causar estragos consideráveis quando ocorrem no início do ciclo produtivo.
Seguiram-se dias frios de Inverno, a partir da segunda semana de Janeiro, uma massa de ar polar atinge Portugal e as temperaturas máximas e mínimas descem, os locais onde as temperaturas mais desceram foram o interior norte e centro do país. No Douro as temperaturas mínimas chegaram a ser negativas, como no vale da Vilariça (nos dias 6 a 8Jan, no dia 8Jan, a temperatutra máxima foi 4,5ºC e a mínima -0,4ºC),as temperaturas médias foram 4 a 5ºC inferiores aos registos médios. A paisagem transforma-se, o frio gélido e a geada surgem em força nas vinhas – o gelo que actua como um pesticida natural, ajudando a videira e o solo a combater pragas e doenças. A humidade nesta fase propicia a decomposição da biomassa em matéria orgânica, importante para os solos da região com baixo teor orgânico, para a biodiversidade e saúde futura do solo.
Os nevoeiros que muitas vezes ocorrem nesta altura do ano são também importantes, cumprem o seu papel na hidratação das partes lenhosas das videiras, assim como dos solos.
Em meados de Janeiro, volta a chuva, por vezes persistente e forte em toda a região norte do país (os efeitos da depressão “Irene"). No final de Janeiro, tempo seco e as temperaturas amenas (entre 3 a 5.ºC acima dos registos médios), para depois voltarem aos valores normais em Fevereiro. Regista-se a situação climatológica, de acordo com os dados do IPMA, de algumas estações meteorológicas do norte e centro do país, referem a mais significativa onda de calor registada no mês de Janeiro desde 1941 (acontece quando a temperatura está 5ºC acima dos valores médios durante 6 dias seguidos).
No início de Fevereiro os trabalhos na vinha continuam, para além da poda, também a retancha, que consiste na replantação de videiras, sempre que necessário, pela falência de videiras muito velhas ou a falta de vingamento de outras mais jovens. Os solos são preparados para receberem os nutrientes necessários.
No final da primeira quinzena de Fevereiro (8 a 15), voltou a chuva a toda a região e nevou na Serra do Marão (10). Em meados de Fevereiro, as vinhas estão verdejantes e as amendoeiras a florir, uma floração de inverno, prévia aos aparecimento das folhas. Nesta época do ano, o branco e cor-de-rosa das flores das amendoeiras cobrem a paisagem do Alto Douro, sobretudo em Vila Nova de Foz Côa (Douro Superior), a capital da amendoeira em flôr. Estas flores sinalizam a primavera que se aproxima.
No final de Fevereiro e início de Março, a chuva voltou a toda a região.
Depois da poda e ainda durante o repouso vegetativo das videiras, é o momento de trabalhar a terra, os solos são lavrados, mobilizados e arejados, controlando também os infestantes, sobretudo nas vinhas velhas, onde não pode haver mecanização e se recorre a uma prática antiga, a tracção animal para estes trabalhos.
No final de Fevereiro e início de Março, outros dos trabalhos realizados na vinha é a empa, normalmente executada em simultâneo com a poda. Tem a finalidade de preparar a videira para a frutificação, é um processo que dobra, dirige e amarra as varas aos suportes para assegurar uma distribuição equitativa da seiva por toda a planta e um desenvolvimento equilibrado.
O clima está ameno e húmido. A partir de agora, a cada dia que passa, aguardam-se os primeiros sinais do início da nova fase de desenvolvimento e muito precocemente os sinais de renascimento começam a surgir no final de Fevereiro (no dia 28Fev, na Quinta do Orgal, propriedade do Vallado no Douro Superior, as vinhas começam a despontar).
A Primavera está adiantada, as temperaturas vão aumentando, assim como as horas diárias de luz, o solo começa a aquecer e as videiras começam a despertar. As raízes iniciam a absorção de nutrientes e a seiva começa a circular e parte é expulsa pelos cortes feitos na poda – o “choro da videira” que simboliza o início de um novo ciclo de crescimento na vinha - são gotas de seiva semelhante a lágrimas, visíveis nos cortes deixados pela poda de inverno, antes do nascimento de novos ramos. Um fenómeno que assinala o fim do período de dormência e é o primeiro sinal da retoma da actividade vegetativa da videira. Já se vêem alguns pequenos rebentos – começa o periodo de abrolhamento da vinhas no início de Março, na Quinta ro Vallado (1Mar) e na Quinta do Zimbro a Touriga Francesa começa a despontar (4Mar). Os gomos dos nós deixados pela poda começam a aumentar de volume e a abrir e parecem cobertos de algodão, começam a abrir e surgirá uma ponta verde, seguidamente serão definidas e visíveis pequenas folhas verdes, que vão auxiliar a videira nas funções vitais de transpiração, respiração e fotossíntese – é o início da fase do abrolhamento das videiras, que normalmente ocorre em Março.
Entre os dias 6 e 9 de Março, nevou na Serra do Marão e nos pontos mais
altos da região, as temperaturas desceram. Chuva em toda a região.
As cores da Primavera estão de volta e assinalam uma época de renovação e recomeço de um novo ciclo. A partir de meados do mês de Março, com tempo seco, as temperaturas sobem, temperaturas máximas altas (27ºC no dia 21Mar) e os valores médios também altos. Depois, de um dia para o outro, descem abruptamente, em alguns casos as temperaturas máximas desceram para metade (em Adorigo registou-se uma temperaura máxima de 23,8ºC no dia 24Mar e no dia 26 o valor máximo foi 10,9ºC), no final do mês e início de Abril a chuva estava de volta a toda a região (resultados da depressão “Nelson”, mau tempo, chuva, frio e vento forte).
O período que se iniciou no final de Outono e Inverno registou valores de precipitação superiores à média, particularmente nas sub-regiões do Baixo e Cima Corgo (já no Douro Superior estes valores foram inferiores à média), e nos meses de Novembro e Janeiro. Foi igualmente um Inverno com temperaturas superiores à média entre 1,4ºC e 2,5ºC.
Vale do rio Torto. |
A Primavera
Chegada da Primavera com dias mais longos, as
laranjeiras e as cerejeiras estão em flôr, dia após dia as pequenas folhas das
vinhas de um verde vivo destacam-se na paisagem com um crescendo de vida e côr. O
abrolhamento começou há três semanas e as vinhas estão a crescer a um bom
ritmo. Houve casos de
abrolhamento precoce como na Quinta de Ventozelo, em plena sub-região do
Cima-Corgo, registado no dia 18 de Abril.
No início de Abril, por
norma, os viticultores iniciam os tratamentos para combater doenças que possam
afectar as vinhas, procedimentos fundamentais para garantir a saúde das
videiras e conseguir obter todo o potencial das vinhas.
Na sub-região do Baixo-Corgo surgem a primeiras notícias da formação dos cachos no dia 7 de Abril.
A partir do dia 11 ao 16 de Abril, houve uma onda de calor e as temperaturas máximas aumentaram (em Cambres registou-se 31,8ºC no dia 14Abr e 31,7ºC no Pinhão, no dia 13Abr). Por estes dias, a Primavera instalou-se definitivamente com dias de muito sol, já a lembrar o Verão. Em geral, as temperaturas máximas estavam acima dos 30ºC e temperaturas médias bastante superiores aos registos médios (em cerca de 5ºC).
As vinhas encontravam-se no estado fenológico de cachos separados. Cada casta e cada parcela de vinha evoluem a ritmos diferentes e o crescimento vegetativo é visível, com dias mais quentes e ensolarados, a paisagem começa a cobrir-se de verde, antes de entrar em floração. Inicia-se a fase da floração das vinhas, assinalada pela formação dos cachos de uva e que permite também uma avaliação do potencial da próxima colheita. Nesta fase cada cacho consiste em muitas flores individuais, cada uma das quais com capacidade para se desenvolver num bago que depois constituem os cachos, se polinizada com sucesso. No final de Abril, a fase dos cachos visíveis, que assinala o início do desenvolvimento da uva e a promessa dos frutos futuros. Tudo se passa num período relativamente curto.
Alguns registos de vinhas que entraram na fase de floração: 12Maio, Ramos Pinto – 14Maio, Wine & Soul – 16Maio, Quinta da Rede no Baixo-Corgo – 18Maio, Quinta dos Frades. Assinalando-se 15 de Maio como a data referência para a plena floração.
Ainda no final de Abril e durante as primeiras semanas de Primavera, os trabalhos na vinha prosseguem, agora com a despampa das vinhas, que tem a finalidade de controlar a produção e equilibrar a carga de lançamentos da videira, para evitar o gasto de reserva energética da planta, removendo os rebentos, os novos ramos e as folhas desnecessárias por disputarem a energia dos pâmpanos que foram seleccinados no momento da poda. É uma operação que favorece também o arejamento interior da videira contribuindo para diminuir a incidência de doenças fungicidas. Uma prática agrícola com uma influência directa na sanidade das uvas, na sua evolução bioquímica e na qualidade da vindima.
A chuva reapareceu no final de Abril e início de Maio (entre 30Abr e 5Mai), durante este período as temperaturas foram inferiores à média. As temperaturas mantêm-se amenas para a época até final de Maio. Até este ponto, tudo seguia bem nas vinhas.
No final de Maio e início de Junho regista-se a queda de granizo e chuva intensa em alguns concelhos da região, condições climatéricas com elevados índices de humidade que potenciaram a incidência de míldio na folhagem e nos cachos e que impuseram a realização de vários tratamentos preventivos para controlo das infestantes, o que se revelou uma actividade trabalhosa. Em Junho e Julho houve também alguma pressão do oídio, que se manteve até à fase do fecho do cacho e início do pintor, no entanto, sem consequências de maior na produção.
No início de Junho o tempo estava seco e temperaturas a subir, com um período registado de valores máximos acima dos 30ºC (34,7ºC no Pinhão e no vale da Vilariça em 30Maio), depois de acordo com os valores médios e chuva entre os dias 17 e 19 de Junho.
Em geral, em toda a região, em meados de Junho, os primeiros cachos de uvas ganham forma em boas condições edafoclimáticas (condições relativas ao solo e ao clima) que promoveram um bom desenvolvimento das videiras, prometendo uma boa colheita, em qualidade e quantidade. Em Julho, as folhas das vinhas estão tipicamente verdes e ativamente a realizar a fotossíntese para produzir açúcares, fornecendo a energia e os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento dos novos cachos de uvas.
Durante a Primavera, que foi quente, com temperaturas acima da média, os valores de precipitação registados foram também superiores à media nas três sub-regiões do Douro, sobretudo no mês de Março que se destacou pelos valores registados bastante superiores à média.
Quinta Senhora do Rosário, Quevedo Wines. |
O Verão
Um início de verão com tempo seco e temperaturas de acordo com os valores médios. No final de Junho, em pleno Verão (28Jun) houve um intervalo de muita chuva e trovoada em toda a região, um “dilúvio” em Sabrosa. No começo de Julho, o tempo seco voltou, e as temperaturas subiram para valores acima da média com valores máximos superiores a 30ºC (no dia 4Jul.: Pinhão, 39,2ºC e Vilariça 39ºC).
Neste ponto, os cachos estão compactos, as uvas não iniciaram ainda o processo de maturação, são pequenas, verdes e ácidas, com baixo teor de açúcar. As vinhas dirigem os nutrientes e água para os cachos.
A partir do início do mês de Julho, chega o pintor, um pouco mais tarde do que no ano anterior, os bagos das uvas vão-se transformando e ganhando vários tons avermelhados que se vão progressivamente intensificando, no caso das castas tintas e a película torna-se mais translúcida no caso das castas brancas, o que marca o começo da fase de maturação (registos: no dia 3Jul, na Quinta Senhora do Rosário, Quevedo - no dia 6Jul, no Douro Superior - no dia 8Jul, na Quinta do Noval, em Vale de Mendiz - no dia 10Jul, na Quinta da Pedra Alta, em Favaios). Ao mesmo tempo os bagos vão amolecendo e aumentando o tamanho, começam a acumular açúcares e gradualmente a reduzir acidez. É durante este período que se desenvolvem os sabores e os aromas.
O curioso deste final de Primavera e início de Verão são as temperaturas, no geral, com dias de tempo seco e não muito quentes e uma amplitude térmica pronunciada que se mantém e que determina as noites mais frescas (a parte da maturação que ocorreria à noite não está a ocorrer como habitualmente), que permitiu à vinhas uma evolução normal. A partir do dia 22 Julho, registou-se um período de temperaturas bastante altas, máximas próximas dos 40ºC, o que para além de constituir um estímulo das maturações, provocaram escaldão em alguns cachos.
Por esta altura, no vale do rio Torto, os cachos estão pintados e em plena fase de maturação.
Se não houver sobressaltos climatéricos e a manter-se este padrão meteorológico, nesta fase previa-se um ano de maior produção, de excelente qualidade e muito equilibrado, o que pode trazer problemas a muitos viticultores e esta era uma preocupação crescente, uma vez que existem ainda muitos stocks de vinho na região do ano anterior o que pode ter como consequência a dificuldade na venda do vinho. Alguns operadores não vão comprar uvas ou vão comprar em menor quantidade e a preços mais baixos.
A Vindima
Em meados de Agosto estávamos em plena fase de acompanhamento da maturação das uvas até ao momento da colheita, analisando os compostos mais determinantes dos bagos, os açúcares, os ácidos e a evolução dos compostos fenólicos e substâncias aromáticas – ocorre uma concentração ou acumulação de açúcares e uma diminuição do teor de ácidos - e o ponto em que estes componentes atingem as concentrações óptimas em função do vinho que se pretende obter. É realizado um trabalho minucioso, com medições regulares para controlar e avaliar a maturação das uvas, que depois determinam a decisão sobre as datas de colheita e este é sempre o maior desafio, decidir o ponto de equilíbrio e qual o momento ideal para colher as uvas, sobretudos nas vinhas com várias variedades diferentes, uma vez que cada casta tem o seu ritmo e ponto de maturação próprio.
No dia 2 de Agosto, a vindima começou na Niepoort com a recepção na adega das temporãs uvas Pinot Noir.
A grande azáfama volta à região, com as notícias do início da colheita em algumas casas, começa a vindima sempre dura e exigente.
Adega da Quinta Senhora do Rosário, Quevedo Wines. |
Os registos:
Nas quintas da Ramos Pinto, no dia 8 de Agosto, a casta branca Viosinho é a primeira a chegar à adega. Seguiu-se no dia 14, o início da vindima das castas tintas na Quinta da Ervamoira, com a colheita da Tinta Amarela.
Na Quinta do Cidrô (Real Companhia Velha) em São João da Pesqueira, 12 de Agosto foi o primeito dia de vindima, com as uvas da casta Chardonnay para a base de espumante e as parcelas de Sauvignon Blanc. Na Quinta das Carvalhas, no dia 16, a vindima da casta Bastardo.
Na Quinta do Vallado, o início da vindima das uvas de Moscatel Galego Branco que são, como habitualmente, as primeiras a ser colhidas, no dia 13 de Agosto.
A Geographic Wines iniciou a vindima para os seus vinhos brancos em Murça, no dia 16 e no dia 21 a colheita da Touriga Nacional.
No dia 20 de Agosto, as primeiras uvas brancas chegam à Quinta do Crasto e na Quinta do Monte Travesso (em Tabuaço, na sub-região do Cima Corgo) com a casta Gouveio. No mesmo dia começou a vindima na Quinta de Ventozelo com as castas brancas Malvasia e Viosinho. No dia seguinte começaram as vindimas na Quinta da Pedra Alta (Soutelinho, Favaios), na Quinta Seara D’Ordens e Quinta da Romaneira. No dia 22 de Agosto: Wine & Soul, Quevedo, vindima das parcelas de Viosinho da Quinta das Netas no vale do Pinhão (Symington Family Estates), na Quinta do Vale Meão, as uvas brancas da vinha “Janeanes” (no Pocinho, Douro Superior), no dia 23, as uvas da casta Verdelho na Quinta dos Murças – no dia 28 de Agosto, vindima das castas brancas na Quinta da Fonte (Vieira de Sousa), e 30 Agosto arrancou a vindima com a colheita da casta Bastardo na Quinta do Convento de São Pedro das Águias (Kranemann Wine Estates).
No primeiro dia de Setembro, iniciou-se a vindima na Churchill's e na Van Zellers & Co., e na Quinta do Noval, começou-se por vindimar a casta Viosinho da parcela das Urtigueiras. No dia 3 Setembro, a vindima da casta Gouveio na Quinta do Cume e as castas brancas da Quinta de Santa Eufémia. Iniciaram-se as vindimas nas Quintas da Fonseca Guimaraens, no dia 6 Setembro.
Entrados no primeira semana de Setembro, a vindima decorre em condições climatéricas ideias, dias quentes e com sol e noites mais frescas, acompanha o ritmo das vinhas, permitindo a colheita das diferentes castas sequencialmente. Entre os dias 16 e 19 de Setembro, as vindimas decorrem com o céu coberto de fumo dos dramáticos incêndios mais a oeste do país. Desde meados de Setembro, as temperaturas estavam de acordo com os valores médios e ligeiramente acima, no entanto a grande amplitude térmica mantém-se, dias quentes e noites mais frescas (diferenças entre 15ºC e 20ºC). Depois, decorridos cerca de dois terços da vindima, a chuva apareceu no dia 20 Setembro e depois regressou a toda a região, com intensidade a partir dos dias 24 a 26, aqui com alguns produtores já na fase final da vindima e outros ainda em plena vindima.
Este ano a vindima começou um pouco mais tarde – considerando as vindimas mais recentes, dos últimos dez ano e acabou também tarde, prolongando-se pelos meses de Setembro e Outubro, como as vindimas de antigamente e o final de vindima, normalmente as uvas para vinho do Porto são as últimas a ser vindimadas, decorreu já com o cenário das diferentes cores de Outono, ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos e terminou já em Outubro - alguns registos: no dia 1, na Quinta do Têdo, no dia 3, na Wine & Soul, Quinta de la Rosa, Van Zellers & Co., Quinta da Ervamoira e Quinta do Vale Meão, no dia 4 na Quinta do Vallado e Quinta Seara D’Ordens no dia 5, Quinta do Cume e Quinta da Pedra Alta, no dia 7 – na Quinta da Gricha a vindima chegou ao fim no dia 9, a vindima na Quinta das Quartas (Poças Vinhos), terminou no dia 10, na Rozès no dia 12, a Vieira de Sousa no dia 16.
Terminadas as vindimas, as vinhas preparam-se agora para a próxima fase do ciclo. As videiras entram num período de repouso e os produtores voltam agora toda a sua atenção para os trabalhos na adega, nas fermentações e nos cuidados com os vinhos recém produzidos, que serão acompanhados durante meses. No entanto todas as indicações são bastante promissoras.
“Sente-se na adega o aroma de um grande ano.”
João Luís Batista, Enólogo dos Vinhos do Douro da Ramos Pinto.
Os comentários gerais
Foi um ano vitícola com todas as características para ser um
óptimo ano, um ano de grande qualidade no Douro, um dos melhores deste século.
Esperam-se grandes vinhos, as expectativas são muito boas e há um grande
optimismo entre os produtores e será razoável presumir uma declaração
clássica de Porto vintage 2024, mas com certeza absoluta só na
Primavera de 2026, quando surgirem as notícias das primeiras declarações.
Foi um ano muito equilibrado e vários factores foram determinantes, o Inverno e Primavera chuvosos foram essenciais para criar as reservas de água suficientes no solo para os dias mais quentes e secos do Verão. Houve calor, mas sem excessos, sem ondas de calor como sucedeu em anos anteriores e mantiveram-se condições climatéricas favoráveis e estáveis, com uma amplitude térmica que se prolongou durante a fase de maturação das uvas e vindima, em que a dias mais quentes correspondiam noites mais frescas. Estas condições beneficiaram maturações graduais e equilibradas e as vinhas estavam em excelente estado quando chegou o momento de vindimar. Depois, para além da produção em quantidade houve sobretudo qualidade, as uvas estavam muito boas e sãs, e grande qualidade em algumas castas como foi o caso da Touriga Nacional e da mais tardia Touriga Francesa, nas castas tintas.
A vindima decorreu sem sobressaltos e falou-se numa vindima “à antiga”, com um início um pouco mais tarde do que tem acontecido em anos recentes e que se prolongou até aos primeiros dias de Outubro. À medida que a vindima decorria o optimismo aumentava entre os produtores. As temperaturas amenas e o amadurecimento das diversas castas foi mais progressivo e sequencial, o que permitiu uma melhor gestão dos momentos ideais e de toda a logística da colheita e dos trabalhos de adega.
“Depois de provar o mosto à saída do lagar três na Quinta da Gricha, mesmo antes de adicionarmos a aguardente, tenho que dizer que estou muito entusiasmado com a qualidade e potencial das uvas este ano!”.
Johnny Graham, Churchill’s.
Paradoxalmente e em contraste com a qualidade do ano, a maior produção pelo segundo ano consecutivo, trouxe outro tipo de dificuldades a muitos viticultores durienses, por não conseguirem vender parte ou a totalidade da sua produção (alguns deixaram as uvas na vinha por falta de compradores), uma vez que há muito stock de vinho acumulado nas adegas.
"A colheita de 2024 tem a elegância e a pureza dos anos clássicos (…) Os mostos têm profundidade, elasticidade e comprimento. Esperam-se grandes vinhos DOC Douro e Porto a partir de 2024”.
Jorge Alves, Enólogo Quinta do Têdo.
©Hugo Sousa Machado
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