quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Douro harvest field work 2022: Quinta do Bomfim (Dow's)

 EN/PT

    Quinta do Bomfim is Dow's operations center in the Douro, next to Pinhão, in the Cima Corgo sub-region. Here, in full harvest season, with hot days (19th September) after 3 days of rain in mid-September which forced a break in the work in the vineyards. At this moment, the grapes are expected to arrive to the winery, and still two weeks to go until the end of this year's harvest.


    The vineyards at Quinta do Bomfim have a south and southwest exposure in a gentle slope, with an altitude between 80 and 384 meters, all with letter "A" classification. The grapes that grow here are the structure of the famous Dow's vintage Ports.


     The recent modern winery at Quinta do Bomfim, dates from 2015, the opposite of a traditional winery, exclusively dedicated to Dow's superior categories Port wines, currently has a maximum capacity to process 45 to 50 tons of grapes per day.
     It has 6 modern stainless steel "lagares" with double coating and automatic treaders, with a maximum capacity of 11.000kg each, in which the principle is, in a very close coordination with the viticulture, the vinification of single grape variety "lagares, i.e., the different grape varieties are vinified separatly and for as long as possible during the harvest.


   Then there are 7 steel immersion vats with a capacity of 15.000Lt. each, that play a complementary role in the additional extraction of color, aromas and tannins. The entire wine making process is temperature controlled.


    The Port wine ageing lodge: it houses 11 "tonels" made of seasoned oak, each with a capacity of 24 pipas (13.350Lt.) as well as 3 large oak vats. All of these tonels and vats date from the original construction of this lodge. They have been used to hold the young Port, coming directly from the "lagares" for every harvest at Quinta do Bomfim from 1896. The 24 pipe capacity of each of the 11 "tonels" matches exactly the contents of the traditional lagares that were originally built on the upper level of the lodge. At the desired moment, the fermenting wine would be run off from the lagar and, by gravity alone, would be directed into these "tonels" where the brandy is added and the Port wine is born. The young Port remains in these tonels until the cold winter weather has caused the wine to "fall bright", after which the wine is taken down to the lodges in Vila Nova de Gaia for further maturing, repeating a cycle that has continued for well over a century. Nevertheless, some wines remain in the Quinta do Bomfim cellar up to the limit of storage capacity.


    A Quinta do Bomfim é o centro de operações da Dow's no Douro, mesmo junto ao Pinhão, em plena vindima (19 Setembro), com dias quentes, depois de três dias de chuva em meados de Setembro, que obrigou à interrupção da vindima por alguns dias, neste momento espera-se a chegada das uvas à adega, ainda com duas semanas de trabalho pela frente até ao fim da vindima deste ano.

     As vinhas da Quinta do Bomfim têm uma exposição sul e sudoeste, com um declive suave e uma altitude entre os 80 e os 384 metros, classificadas com letra "A". As uvas da quinta formam a estrutura dos famosos vintages Dow's.

    A recente e moderna adega da Quinta do Bomfim data de 2015, é o oposto de uma adega tradicional, exclusivamente dedicada aos vinhos do Porto de categorias superiores da Dow's, tem actualmente uma capacidade total máxima para processamento de 45 a 50 toneladas de uvas por dia.
     Tem 6 modernos lagares de aço inox com duplo revestimento e com pisadores automatizados, com uma capacidade máxima de 11.000kg. cada um, em que o princípio, em coordenação com a viticultura, é a vinificação de lagares monovarietais, i.e., as castas são vinificadas separadamente até quando fôr possível no decurso da vindima.
     Depois os lagares são complementados por 7 cubas de imersão em aço, com uma capacidade de 15.000 litros cada, que têm uma função complementar na extração de côr, aromas e taninos. Todos os processos de vinificação decorrem com controlo de temperatura.

     O armazém de estágio e envelhecimento de vinho do Porto: tem 11 tonéis de carvalho, cada um com uma capacidade de 24 pipas (13.350 litros) e 3 grandes balseiros. Todas estas vasilhas datam da construção original de 1896 e são usadas desde então para guardar o vinho do Porto produzido em cada vindima na Quinta do Bomfim. A capacidade de 24 pipas de cada tonel corresponde exactamente à capacidade dos lagares tradicionais que existiam no piso superior deste armazém. No momento designado, o mosto em fermentação era sangrado do lagar e, apenas por força da gravidade, transferido para os referidos tonéis até que as baixas temperaturas do Inverno provoquem uma filtração natural, depois da qual o vinho é levado para as caves de Vila Nova de Gaia para prosseguir o envelhecimento, repetindo um ciclo que perdura há mais de um século. Não obstante, alguns vinhos permanecem na adega da Quinta do Bomfim até ao limite da capacidade de armazenagem.

© Hugo Sousa Machado

Harvest field work 2022: wine landscapes in the Monção and Melgaço sub-region

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Harvest field work 2022: wine landscapes in the Monção and Melgaço sub-region.

     EN/PT

     Between Monção and Melgaço, right in the nothwest of the country, a region that is the birthplace of the Alvarinho, one of the noblest white grape varieties in the world - with a total vineyard area of 1340 hectares, 2085 wine growers and a total wine production of approximately 10 million liters - a region that has a unique temperate Atlantic influenced micro-climate, moderated by the mountains on the Spanish side of the border, the river Minho and the mountains on the Portuguese side and soils of predominantly granitic composition. In this sub-region the harvest also started earlier this year and the effects of the unusually dry and very hot year were felt, with a drop in grape yield of between 10 to 15%.

    Quinta do Paço is located in the Monção and Melgaço sub-region, in the parish of Valadares, vineyards are at an altitude between 83 to 98 meters and the river Minho is at a distance of 1,1km.

    The images published were taken just a few days before the harvest, at the beginning of September...

     Entre Monção e Melgaço, mesmo no noroeste do país, a região que é o berço da casta Alvarinho, uma das mais nobres castas brancas do mundo - com uma área total de vinha de 1340 hectares, 2085 viticultores e uma produção de vinho total de aproximadamente 10 milhões de litros - uma região com um microclima único, temperado e de influência atlântica, moderado pelas montanhas do lado espanhol da Galiza, pelo rio Minho e pelas montanhas do lado português, solos de composição predominantemente granítica. Nesta sub-região, os efeitos do ano atípicamente seco e muito quente, também se fizeram sentir, com uma quebra do rendimento da uva entre os 10 e os 15%.

    A Quinta do Paço está localizada na freguesia de Valadares, com vinhas a uma altitude entre os 83 e os 98 metros e o rio Minho a uma distância de 1,1km.  

     As imagens aqui publicadas foram tiradas uns dias antes da vindima, no início de Setembro...

Quinta do Paço and the "Leira Comprida" vineyard. 


The "Nitreira" vineyard, a century old vineyard. The ancient and traditional grapevine training system that the images above and below show is called "Ramada", which occurs in reduced areas and usually on the edges of the farmland. 

 A vinha centenária da "Nitreira". A "ramada", o antigo e tradicional sistema de condução da vinha, que ocorre em áreas reduzidas e habitualmente nas bordaduras dos terrenos.




©Hugo Sousa Machado

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

The 2022 Douro harvest "Benefício"

 EN/PT

For the 2022 harvest, the amount of Port wine to be produced was set at 116.000 casks (550 liters) 

(the two years of economic crisis caused by the covid-19 pandemic, represented in red)

        According to the 2022 Annual Harvest Announcement for the Douro region, issued by the IVDP (The Port and Douro Wine Institute) last 15th July 2022 (this notice is usually issued every year during July), according to a unanimous decision of the Interprofessional Council of this entity, the "Benefício"  (literally translated, "Benefit") or the production of generous must in the Demarcated Douro Region, or the authorized quantity of Port wine production for the 2022 harvest (or even the quantity of must that each Douro producer is authorized to use in the vinification of Port wine) was determined as 116.000 casks, which represents an increase of 12.000 casks compared to the previous year 2021 (104.000), in percentage representing an increase of 11,5%.

    More details on the definition of "Benefício" and the attribution criteria, here: the annual Benefício and Port wine

     It is relevant on this subject, specifically considering the anticipation and improvement of the annoucement procedure, the ProDouro (Douro Professional Wine Growers Association) complains and proposes to the IVDP, since 2021, the urgency of a annual pre-harvest communication, considering the Annoucement usually issued too late, in July, and requests prior information or guidance data to prepare and plan more rigorous decisions regarding the quantity of Port wine to be produced in each harvest. This document would record a series of fundamental data for this decision: 1. grape production (total and per hectare and divided by the Douro sub-regions and parishes) - 2. the evolution and analysis of the vineyard area in the Douro demarcated region (by sub-region, parish and legal framework) - 3. complete statistcs on the business, wine production and marketing. Its publication and public access would be of all interest.

    However, so far it seems that this has not yet been the year for the implementation of this usefull procedure.


O Benefício para a vindima de 2022

Em 2022 a quantidade de vinho do Porto a produzir foi fixada em 116.000 pipas (de 550 litros)

    De acordo com o Comunicado de Vindima Anual para a Região do Douro 2022, emitido pelo IVDP, no passado dia 15 de Julho 2022 ( o Comunicado é emitido habitualmente, todos os anos, durante o mês de Julho), de acordo com uma decisão unânime do Conselho Interprofissional desta entidade, o Benefício ou a produção de mosto generoso na região Demarcada do Douro ou ainda a produção autorizada de vinho do Porto para a vindima de 2022, o mesmo é dizer, a quantidade anual de vinho do Porto a vinificar (ou a quantidade de mosto que cada produtor está autorizado a destinar à vinificação de vinho do Porto) foi determinada em 116.000 pipas, valor que representa um aumento de 12.000 pipas em relação ao ano imediatamente anterior, 2021 (104.000), que percentualmente representa um acréscimo de 11,5%.

    Para mais detalhes e definição de "Benefício", e os critérios de atribuição, aqui: O Benefício anual e o vinho do Porto

    Sobre esta matéria, a novidade bastante relevante: a ProDouro (Associação de Viticultores Profissionais do Douro) propõe e reclama do IVDP, desde 2021, a urgência de um pré-comunicado anual de vindima, considerando o Comunicado oficial habitualmente emitido em Julho como tardio, reclamando a necessidade de uma informação ou orientação prévia para projectar e preparar decisões com maior rigor quanto à quantidade de vinho a produzir em cada vindima. Este documento (que seria de todo o interesse a divulgação pública) registaria uma séria de dados fundamentais para aquela decisão, como: 1. a produção de uva (total e por hectare e dividida por sub-região e freguesia) - 2. a evolução e a análise da evolução da área de vinha na Região Demarcada do Douro (por sub-região e freguesia e enquadramento legal) - 3. As estatísticas completas do negócio, a produção de vinho e a sua comercialização.

   No entanto, ao que parece, ainda não foi este ano que este procedimento se implementou. 

©Hugo Sousa Machado

The annual Benefício and Port wine / O Benefício anual e o vinho do Porto 


 

terça-feira, 19 de julho de 2022

Porto "Dos Santos"

 EN/PT

"Heaven can wait"

 The pre-presentation

    It is always worth highlighting new projects in the Douro region, but especially when they are related to Port wine, in the universe of the "new Douro" the main interest of new producers has been almost exclusively the D.O.C. Douro wines. A project as bold as it is original, which presents a portfolio of special categories Port wines, quality wines with its very own particular style.

    Following the long historical tradition of Port wine merchants, who look for and buy different wines from different origins and locations to compose the blends of diverse styles of Port wines.

    Those responsible are Alexandre Antas Botelho (the Director, as well as parner of Noble & Murat), with strong family ties to the region and the tradition of Port wine production, and Jaime Costa (the Blender).

The History

    The firm and Port wine brand "Dos Santos" is an old brand created at the begining of the XIX century, were storers, traders and exporters of Port wine (table wines, fine and old Ports and Malvasia Port wines) and the image it now presents recalls this imagery and also the importance of the Bazilian market at that time (such as happened with Ramos Pinto, for exemple).

    An old brand to which Alexandre Antas Botelho has family connections with, it was one of the main Portuguese brands in the 1920's, with notoriety in the national market and one of the five leading houses in the Brazilian market at that time, to which the firm "Santos Júnior" joined and later sold to Calém along with its Port wine stocks (now Sogevinus group) and after to Quinta & Vineyard Bottlers.

The image and labels

    The aesthetic elements of the brand's bottle labels have originality and very unique differentiating characteristics, with elements that recall some historical labels, in which there is always a message to be deciphered, the balance between the sacred and the profane, the representation of mythological figures linked to nature, the nymphe and the satyr and in which each of the Port wine styles - white, ruby and tawny - is associated with a temptation based on the profane and virtue dichotomy, the spiritual world and the temporal world also very present in the Douro wine region.

    The bottle labels are currently under aproval by the IVDP (The Douro and Port Wine Institute).


The wines origin

    At this moment, the base of the house Port wines is established, the final blends are defined and concluded and it is to be expected in the future a progressive refinement of the blends, a drier style is intended, which does not prevent from always resorting to producers and farmers to acquire new and different wine components.

    The Port wines that make the blends of the styles that make up the "Dos Santos" portfolio come from Sanhoane, Valdigem, Canelas and the Vale do Rodo, where an expression of freshness characteristics of the Baixo-Corgo sub-region is essentially sought.

    These are what you could call old-fashioned Port wines, with regard to its production, where an attempt was made to establish a broad wine components supply base, tasting wines of different origins, obtaining a wide variety of base wine blends, with diverse elements up to a final selection of 5 to 6 components for the constitution of the "base" wines, those wines intended to improve/reinforce the blend and the "refreshment" wines. Resorting to Douro producers, in a close relationship, some more professional and others more traditional, and even others more amateur, but always sensitive to the dramatic current problems of the region, with the present concern of paying the fair reward for the purchase of wines.


The wines

    With the alchemy of the wine blending art, the winemaker looks to find the best balance for each of the wine elements, between structure, freshness, sweetness and color, the tannis present but not aggressive, dry tannins, with the aim of achieving drier and purer Port wines, following the experiences and personal preferences of those responsible, bringing a personal style, looking for elegance and freshness.

    Once the final blends were defined and completed, already approved by the IVDP, the Port wine proposals for the most recent phase of the "Dos Santos" brand were presented, all special categories Port wines, all aged in wood, Portuguese chestnut casks, the traditional Douro method. The White, Ruby and Tawny reserve are the "combat range".

   All wines with 19,5% alcohol content.

    The White Reserve Port (8 years of ageing) and the 10 years old White Port (about 12 years of ageing), curiously the two wines with very similar colors, have an average age difference of 4 years, the big difference is in the aroma and flavor intensity (apricot, dried fruits, honey), of course richer and with a greater persistence in the 10 years old White.

    It should be noted that special categories white Port wines have had a growing demand, maybe because they are more obvious, elegant, delicate, complex and versatile wines.

    The Ruby Reserve Port, a wine with some evolution that is notorious, predominant black and red fruit aromas and flavors, structure, some intensity and good natural acidity with the same characteristic freshness.

     The Tawny Reserve Port, a 7 to 8 years old wine, that is a good base wine for older Port wines, and the 10 Years Old Tawny, with the usual aromas found in older Port wines, a balance between fresh and dried fruits, a first impact with the pronouced aromas. When compared to the Tawny Reserve, it is more intense, with more volume and more present tertiary aromas, good acidity, freshness, dried and candied fruits (cherries), with a good aromatic intensity and some creaminess. The 20 Years Old Tawny, has a more open color with hints of brick color, creamy, very persistent (a wine for "lazy people"), more complex, with fruit oxidized aromas, wood and spices, iodine nuances, spicy, both have a good final persistence.

(a curious note: if these wines are tasted at room temperature on a hotter day, the alcohol and sugar don´t stand out as one would expect).

    In the tastings of the Port wines final blendings carried out, there was in fact a common line that stood out, freshness always present, acidity, good volume, aromatic richness and balance, all in a drier style.

    The "Dos Santos" future plans include a 20 Years Old White, a 30 Years Old Tawny and a LBV Port.

    It is to be expected that the portfolio will be on the market by the end of July 2022. In the national market they will also be available on the website that will be completed soon.

www.portodossantos.com

©Hugo Sousa Machado


Porto "Dos Santos"

"Heaven can wait"

 Em pré-apresentação

    É sempre de destacar novos projectos na região do Douro, mas sobretudo quando estão ligados ao vinho do Porto, quando, no Douro recente, no universo do "novo Douro", o principal interesse dos novos produtores tem sido quase exclusivamente os vinhos de mesa D.O.C. Douro. Este é um projecto com tanto de ousado como de original, que apresenta um portfolio de vinhos do Porto de categorias especiais, de qualidade e com um estilo muito próprio.

    Na longa tradição histórica dos comerciantes de vinho do Porto, que procura e adquire diferentes vinhos com diversas origens que depois são utilizados para compôr os lotes dos vinhos a que se propõem.

    Os responsáveis são Alexandre Antas Botelho (o Director, também Sócio da Noble & Murat), com tradições familiares ligadas ao Douro e à produção de vinho do Porto, e Jaime Costa (o Blender).

A história

    A firma e a marca de vinho do Porto "Dos Santos" surgiram no início do séc. XIX, como armazenistas, negociantes e exportadores de vinho do Porto (também vinhos de mesa, Porto licoroso, Porto velho e Porto Malvasia), e a imagem que agora apresenta, nesta fase de ressurgimento, lembra esse imaginário e a importância do mercado brasileiro nessa fase (tal como sucedeu, por exemplo, com a Ramos Pinto).

    Uma antiga firma à qual Alexandre Antas Botelho tem ligações familiares e que era uma das principais marcas portuguesas nos anos 20 do século XX, com notoriedade no mercado nacional e uma das cinco firmas líderes do mercado brasileiro naquela época, a que depois se uniu a firma "Santos Júnior"  e que mais tarde seria vendida à Calém juntamente com os stocks de vinho do Porto (que integra hoje o grupo Sogevinus) e depois passaria para a Quinta & Vineyard Bottlers.

A imagem, os rótulos

    Os elementos estéticos dos rótulos da marca têm originalidade e uma persolalidade muito própria e diferenciadora, com elementos que recordam alguns rótulos históricos, em que existe uma mensagem a decifrar, representam o equilíbrio entre o sagrado e o profano, com as figuras mitológicas ligadas à natureza, a ninfa e o sátiro e a cada um dos três estilos de vinho do Porto  - branco, ruby e tawny - está associada a uma tentação, com base na dicotomia entre a virtude e o profano, o mundo espiritual e o mundo temporal, também muito presente em toda cultura da região duriense.

    Actualmente os rótulos encontram-se em fase de aprovação pelo IVDP.

A origem dos vinhos

    Neste momento, a base dos vinhos do Porto da casa está constituída, os lotes finais estão definidos e concluídos e será de esperar daqui em diante uma afinação progressiva dos lotes dos vinhos, pretende-se um estilo mais seco, o que não impede de sempre recorrer à lavoura para a aquisição de novos componentes.

    Os vinhos que compõem os lotes actuais dos estilos de vinhos do Porto do portfolio da "Dos Santos" têm origem em Sanhoane, Valdigem, Canelas e depois Vale do Rodo, onde se procura essencialmente uma expressão de frescura característica da sub-região do Baixo Corgo.

    São vinhos do Porto à antiga, onde se procurou constituir uma base de fornecimento alargada, provar vinhos com várias origens, conseguindo uma grande variedade de lotes de base, com diferentes elementos, até uma selecção final de 5 ou 6 componentes para a constituição das bases dos vinhos, dos "abonos" e dos "refrescos". Recorrendo a produtores da região, numa relação próxima, uns mais profissionais e outros mais tradicionais, outros ainda mais amadores, mas sempre sensível aos actuais dramáticos problemas da região, com a preocupação de pagar o justo valor pela aquisição dos vinhos.

Os vinhos

    Na alquimia da arte do lote, o enólogo procurou encontrar os melhores equilíbrios para cada um dos vinhos, entre a estrutura, a frescura, doçura e côr, com taninos presentes mas suaves, taninos secos, com o o objectivo de conseguir um estilo mais seco e vinhos do Porto puros, seguindo as experiências e preferências pessoais dos responsáveis, incutindo um estilo pessoal, procurando elegância e frescura.

    Definidos e concluídos os lotes, já aprovados pelos serviços do IVDP, foram apresentadas as propostas da mais recente fase da marca "Dos Santos", todas de categorias especiais.

    Todos os vinhos do Porto envelhecem em madeira, em antigas barricas de castanho português, o método tradicional de envelhecimento no Douro. As categorias reserva branco, ruby e tawny constituem a "gama de combate" da marca.

    Todos os vinho do Porto com 19,5% de álcool.

    O vinho do Porto Branco Reserva (com 8 anos de estágio) e o Branco 10 anos (com 12 anos de estágio), são vinhos com uma côr muito aproximada, têm uma diferença média de idade de 4 anos, a grande diferença é a intensidade de aroma e sabor (alperce, frutos secos, mel) mais rico e com maior persistência o branco 10 anos. 

    Como nota, os vinhos do Porto brancos de categorias especiais têm sido objecto de procura crescente no mercado, talvez por serem vinhos mais óbvios, elegantes e delicados, complexos e também mais versáteis.

    O Reserva Ruby, um vinho do Porto ruby já com alguma notória evolução, frutos negros e vermelhos predominantes, estruturado, com alguma intensidade e boa acidez natural e na  mesma linha de frescura. 

    O Tawny Reserva, um vinho com 7 a 8 anos de idade, que constituí um bom vinho base para vinhos mais velhos. O Tawny 10 anos, com os aromas habituais nos vinhos do Porto com mais idade, um primeiro impacto com os aromas bem pronunciados. É um vinho mais intenso quando comparado com o Tawny Reserva, com mais volume de boca, com os aromas terciários mais presentes, fresco, com boa acidez, notas de frutos secos e fruta cristalizada (cereja), com boa intensidade aromática e alguma cremosidade. O Tawny 20 anos, com a côr mais aberta e com nuances côr de tijolo, cremoso na boca e muito persistente (um vinho para preguiçosos), mais complexo, sentem-se os aromas oxidados da fruta, algum iodado, madeira e especiarias, algum picante, ambos com boa persistência final.

(como curiosidade: se forem provados à temperatura ambiente, num dia mais quente, o álcool e o açúcar, não sobressaem como seria de esperar)

    Nas provas dos lotes finais realizadas houve, de facto, uma linha comum em que destacou a frescura sempre presente, boa acidez, um bom volume de boca, riqueza aromática e equilíbrio, num estilo mais seco.

    Nos futuros planos da "Dos Santos" estão ainda um Porto Branco 20 anos, um Tawny 30 anos e um Porto LBV.

    Prevê-se que o portfolio descrito esteja disponível no mercado nos finais de Julho 2022. No mercado nacional vão estar também disponíveis no site da casa a anunciar brevemente.

www.portodossantos.com

©Hugo Sousa Machado

     may also interest / também pode interessar:

Noble & Murat, how a Vintage Port wine is born...


terça-feira, 14 de junho de 2022

Churchill's Dry White Port

 EN/PT

What's so special about this dry white Port wine?

Make no mistake, white and dry white Ports are not all the same...

    This is a wine which is already a classic that distinguishes itself in this style of Port, over the years it has become an unavoidable reference in dry white Port wines.

    But let's us go back briefly to Churchill's past. When John Graham, together with his brothers Anthony and William, founded Churchill's in 1981, with the aim of producing their own special categories superior quality traditional-style Port wines, the first Port wine produced was Churchill's Dry White, that accompanies the house throughout these last 40 years.

(the complete report about Churchill's here: Churchills and Quinta da Gricha)

    In the first years and until the company got its own vineyards, later in 1999, with the acquisition of Quinta da Gricha, John Graham reached an agreement with Jorge Borges de Sousa, a producer and owner of several quintas in the Douro in privileged locations in the Cima Corgo sub-region, Pinhão valley and in the Douro. This agreement allowed John Graham in each harvest the selection of the best grapes and wines, from the different Borges de Sousa's properties, which at the time also had an appreciable and enviable stock of Port wines kept in cellar. In the words of John Graham:"he gave me the possibility to choose the best of his wines" and "the possibility to buy the initial stock". 

    This was the basis of Churchill's wines for 20 years, which was fundamental for the company to start to be recognized for the quality of the Port wines it produced.

    The first wine produced by Churchill's was the Dry White Port, which had its own distinctive drier style with the purpose of giving dignity to the Douro white grape varieties, a wine with about 10 years of ageing in wood, at a time when most Port houses were mainly betting on white Port wines whit a younger style.

    Years later, in 2016, Churchill's Dry White Port was rated as excellent with a score of 91pts. by the internationally recognized north american magazine Wine Advocate.

    Made exclusively from letter "A" grapes (according to the Douro classification system for vineyards that produce grapes for Port wine) that are selected from high-altitude old vineyards in the Cima Corgo sub-region and the blend is made up of the following grape varieties: Malvasia-fina, the predominant variety and the wine's structure (50%), then Rabigato, Códega do Larinho and Viosinho.

    The vinification methods are traditional, with foot treading of the grapes in the old granite "lagares", in this case, in the small granite lagares called "lagaretas" that exist at Quinta da Gricha with a capacity of around 2000kg (the old larger Quinta da Gricha lagares, built on 1852, have a capacity between 6000 and 7000kg.), the whole bunches are used without destemming, with minimal intervention and using the natural yeasts that come from the grapes. Fermentation and maceration takes place with the grape skins, essential for the wine structure and balance, and is not as long as with red Port wines. This process makes the wine drier and at the same time extracts more natural alcohol from the grape itself, and so to a smaller addition of wine spirit at the time of fortification.

    It is then aged in old used casks for approximately 10 years in the Churchill's Port wine cellar on rua da Fonte Nova in the Vila Nova de Gaia historic center.

Churchill's Port wine lodge, on rua da Fonte Nova, Vila Nova de Gaia historic center.

My dry white Port, some tasting notes

    The wine was bottled in 2021. It has an intense, rich and bright golden color that reflects the years of ageing. In fact, the color tells us what the label does not refer, the oxidative evolution of almost ten years of wood ageing. At the beginning of the 90's the house opted for an elegant transparent bottle to enhance the beautiful natural golden color of the wine.

    It has a good intensity on the nose, not too excessive, with floral aromas and predominant notes of orange blossom, dried fruits and then some lighter notes of spices. On the palate it's smooth, also a consequenece of the ageing period in wood, it has good acidity and freshness, harmonious and of medium complexity, despite beeing a dry Port wine, the residual sugar is perceptible and pleasant. With flavors of candied orange peel, citrus fruits, dried apricot and some bitter orange marmalade and then light notes of spicies. It has a long finish.

    It's the perfect aperitif, simple, on its own, served fresh... (a waste mixing it with tonic water). The temperature is fundamental, it shoud be served cool, around 8ºC.

    According to the producer it is the best-selling Port wine at Churchill's visitor center in Vila Nova de Gaia.

    This is one of the last bottlings with the old bottle labels, since this year, after celebrating 40 years since its foundation in 1981, Churchill's presents a new image for its wines, in an aesthetic reformulation of the labels and bottle models for its entire wine portfolio.

The wine tasted was kindly provided by: PortugalVineyards.com


©Hugo Sousa Machado


Churchill's Dry White Port

O que tem de especial este vinho do Porto?

Desengane-se, os vinhos do Porto brancos e secos não são todos iguais...

    Este é um vinho que é já um clássico que se distingue nesta categoria, tornou-se uma referência incontornável nos vinhos do Porto brancos secos.

    Regressemos brevemente ao passado da Churchill's. Quando John Graham, juntamente com os irmãos Anthony e William, fundou a Churchill's em 1981, com o objectivo de produzir os seus próprios vinho do Porto de categorias especiais, de qualidade superior, com um estilo tradicional, o primeiro vinho do Porto com a marca Churchill's foi o "Dry White", que acompanha a casa ao longo destes 40 anos.

    (A informação completa sobre a Churchill's, aqui: Churchil's e a Quinta da Gricha)

    Nos primeiros anos e até possuír as suas próprias vinhas, mais tarde em 1999 com a aquisição da Quinta da Gricha, John Graham chegou a um acordo com Jorge Borges de Sousa, produtor e proprietário de quintas no Douro, em locais privilegiados do Cima Corgo, no vale do Pinhão e no Douro. Este acordo permitiu a John Graham, em cada vindima, uma selecção das melhores uvas e dos melhores vinhos, das diferentes propriedades de Borges de Sousa, que possuía também um stock considerável e invejável de vinhos do Porto mantidos em cave. Nas palavras de John Graham, "ele deu-me a possibilidade de escolher o melhor dos vinhos dele" e "a possibilidade de comprar o stock inicial".

    Esta foi a base dos vinhos do Porto da Churchill's durante 20 anos, que foi fundamental para a casa começar a ser reconhecida pela qualidade dos vinhos que produzia.

    O primeiro vinho que a Churchill's produziu foi o Dry White Port, com um estilo próprio e diferenciador, um vinho do Porto mais seco que tinha o objectivo de dar dignidade às uvas brancas do Douro, um vinho com cerca de 10 anos de envelhecimento em madeira, numa época em que a generalidade das casas produtoras apostava sobretudo em vinhos do Porto brancos com um perfil mais jovem.

    Anos mais tarde, em 2016, foi classificado como excelente com uma pontuação de 91pts, pela internacionalmente reconhecida revista norte americana Wine Advocate.

    É produzido a partir de uvas letra "A" (de acordo com o sistema em vigor no Douro de classificação de vinha para a produção de vinho do Porto) com origem em vinhas velhas de altitude da sub-região do Cima Corgo, e o lote é constituído pelas castas: Malvasia Fina, a casta predominante e que constituí a estrutura do vinho (50%), depois Rabigato, Códega do Larinho e Viosinho.

    Os métodos de vinificação são os tradicionais, com pisa a pé em lagar, neste caso particular, nas pequenas lagaretas de granito existentes na Quinta da Gricha, com uma capacidade para cerca de 2000kg. (os antigos lagares da quinta construídos em 1852 têm uma capacidade entre 6000 e 7000kg.), com os cachos inteiros sem desengace, com intervenção mínima e com as leveduras naturais das uvas. A fermentação e a maceração com as películas é fundamental para a estrutura e equilíbrio do vinho, e não é tão longa como acontece com os vinhos do Porto tintos, tornando-o mais seco e ao mesmo tempo extraíndo mais álcool natural da própria uva recorrendo-se depois a uma menor adição da aguardente vínica no momento da fortificação.

    Segue-se o período de envelhecimento em cascos de carvalho avinhados, aproximadamente durante 10 anos no armazém de vinho do Porto da rua da Fonte Nova, no centro  histórico de Vila Nova de Gaia.

    O meu Porto branco seco, algumas notas de prova

    Este vinho foi engarrafado em 2021. Tem uma côr de um dourado intenso, rico e brilhante que traduz os anos de envelhecimento. De facto, a côr indica-nos o que o rótulo não refere, a evolução oxidativa dos dez anos de envelhecimento. No início dos anos 90 do séc. XX, a casa optou por uma elegante garrafa transparente para relalçar a côr dourada natural do vinho.

    O vinho tem boa intensidade no nariz, não excessiva, com aromas florais e notas predominantes de flôr de laranjeira, frutos secos e depois algumas nuances de especiarias. Na boca é suave, também consequência do estágio em madeira, com boa acidez e frescura, com harmonia e de complexidade média, apesar de ser um vinho seco, é perceptível e agradável o açúcar residual. Com sabores de casca de laranja cristalizada, cítricos, damasco seco, alguma compota de laranja amarga e depois notas especiadas mais leves. Com um final longo.

    Simples, por si só, é o perfeito aperitivo... (um desperdício pensar em acrescentar água tónica). A temperatura é fundamental, deve ser bebido fresco a uma temperatura aprox. de 8ºC.

    De acordo com a informação do produtor é o vinho mais vendido no centro de visitas da Churchill's em Vila Nova de Gaia.

    Este é um dos últimos engarrafamentos com o, agora, antigo rótulo, uma vez que neste ano, muito recentemente, a Churchill's apresenta uma nova imagem para os seus vinhos, uma cuidada reformulação estética dos seus rótulos e novos modelos de garrafas para todos os vinhos do seu portfolio.

Este vinho foi gentilmente enviado pela: PortugalVineyards.com

©Hugo Sousa Machado

    Também pode ser interessante / might also be interesting:

Churchill's and Quinta da Gricha