On 18th July, at its second meeting, the IVDP's Interprofessional Council issued the annual harvest statement for the Douro Demarcated Region, after unanimously approving the quantity of must to be "benefited" or transformed into Port wine in the coming 2025 harvest - the “Benefício" - (more on The annual Benefício and Port wine) - that has been set at 75.000 barrels (of 550 litres) or 41.250,000 litres. A figure that represents a further reduction of 15,000 barrels (a decrease of 16%) compared to 2024 and 29,000 compared to 2023, in line with the trend of recent years, is also the lowest quantity in the entire 21st century. This figure is the result of multidisciplinary consideration, a balance of forces and understanding between the interests of production, trade, consumers and the public interest, taking into account the reality of the market, i.e., analysing parameters such as wine sales, the evolution of the companies' stocks and forecasting the potential of the next harvest.
Despite the fact that the starting positions were quite different - production was in favour of a quantity no lower than the previous year's (90.000 barrels), and trade in turn defended 68.000 - it was possible to agree on a final decision that seems to have suited everyone.
The decision was taken against a scenario of crisis that haunts the region and intensifies every year. The main facts of a broader context discussed and to be taken into account, which are at the root of the region's main problems and imbalances, can be summarised as follows:
From the production perspective;
- The very difficult situation of the Douro winegrowers
- The reduction in the amount of the "benefício" will result in there being more grapes for D.O.C. Douro wines available on the market, too much supply plus the stocks still available from previous years.
- The previous point is also the result of the low prices at which grapes are sold - the average price paid to a winegrower for a barrel of Port wine is 1.000 euros (and aprx. an average value of 500 euros for the same quantity of D.O.C. Douro wine), roughly the same amount since the beginning of the century and which does not take into account the considerable increase in production costs over the years - or even the difficulty in selling grapes and the cancellation of orders in the months before the harvest, as well as other cases of grapes being left unharvested. This year, since April, some winegrowers have received letters from their usual buyers, in this case export houses, informing them of their intention not to buy grapes in the next harvest.
In short, the situation of Douro winegrowers has deteriorated considerably, especially in recent years, with major losses of income for thousands of small and medium-sized winegrowers, and the survival of some is also at stake.
The small and medium-sized producers and winegrowers are basically demanding the following measures: payment for grapes at fair prices and a ban on buying grapes below production costs, prioritising regional brandy in the production of Port wine, which would be a way for winegrowers to dispose of excess wine, greater control over the entry of must from outside the region, the purchase by the state of excess stocks mainly in cooperative wineries and the programming of a crisis distillation measure.
We must always take into account the essential role of small winegrowers, who are the soul of the region and who keep cultural traditions and the world heritage landscape alive.
On the trade and export houses side;
- In recent years there has generally been a decrease in consumption and a drop in wine sales, which includes both Port and D.O.C. Douro wines, and there are still large stocks of these wines from previous years'. We would also add the recent uncertainties and complications in exports to the US.
- In the specific case of Port wine, the reality of the world market since 2000 has meant a drop in sales of 32% and this factor has to be taken into account when companies make purchases.
- They believe that the main disadvantages of distilling and using the region's brandy to produce Port wine are that it is more costly and thus makes Port wine more expensive, and that using it with the argument of authenticity can pass on a distorted notion that Port wine that is not produced with this brandy, in reality all the stocks of the Port wine houses, is not as authentic or genuine.
O Benefício no Douro para a vindima 2025:
Uma diminuição na quantidade autorizada de vinho do Porto – 75.000 pipas.
No passado dia 18 de Julho, em segunda reunião, o Conselho Interprofissional do IVDP emitiu o comunicado anual de vindima para a Região Demarcada do Douro, depois de aprovar por unanimidade a quantidade de mosto a beneficiar ou a transformar em vinho do Porto na vindima de 2025 – o benefício – (mais sobre o Benefício anual e o vinho do Porto) - que fixou em 75.000 pipas (de 550 litros) ou 41.250.000 litros. Um valor que representa uma nova redução de 15.000 pipas (um decréscimo de 16%) em relação a 2024 e 29.000 em relação a 2023, de acordo com a tendência dos últimos anos, é também o valor mais baixo em todo o século XXI. Este valor resulta de uma ponderação pluridisciplinar, de um equilíbrio de forças e entendimento entre os interesses da produção, do comércio, dos consumidores e o interesse público, tendo em conta a realidade do mercado, i.e., a análise de parâmetros como as vendas de vinho, a evolução dos stocks das empresas e a previsão do potencial da próxima colheita.
Apesar das posições de partida serem bastante diferentes, a produção defendia um quantitativo não inferior ao do ano anterior, ou seja, 90.000 pipas, e o comércio 68.000, foi possível acordar uma decisão final que parece ter sido ajustada para todos.
A decisão foi tomada num cenário de crise que assombra a região e se intensifica todos os anos. Os principais factos debatidos de um contexto mais abrangente e a ter em consideração, que estão na origem dos principais problemas e desequilíbrios da região, podem ser resumidos assim:
Na perspectiva da produção;
- A situação de dificuldade dos viticultores durienses
- Da descida do quantitativo do benefício resultará existirem mais uvas para vinhos D.O.C. Douro disponíveis no mercado, demasiada oferta a que acresce os stocks ainda disponíveis dos anos anteriores.
- Do ponto anterior resulta também uma consequência nos preços baixos a que a uva é vendida – o valor médio a que é paga ao viticultor uma pipa de vinho do Porto é mil euros (e aprx. um valor médio de 500 euros para uma pipa de vinho D.O.C. Douro), um valor aproximadamente o mesmo desde o início do século, que não tem em conta os custos de produção que aumentaram consideravelmente ao longo dos anos - ou mesmo a dificuldade em vender as uvas e cancelamento das encomendas nos meses anteriores à vindima, para além de outros casos de uvas que ficam por vindimar. Este ano, desde Abril, alguns viticultores receberam cartas dos seus compradores habituais, no caso, casas exportadoras, a comunicar a sua intenção de não comprar uvas na próxima vindima.
Em suma, a situação dos viticultores durienses deteriorou-se bastante, sobretudo nos últimos anos, com grandes perdas de rendimento para milhares de pequenos e médios viticultores e em causa está também a sobrevivência de alguns.
Os pequenos e médios produtores e viticultores reclamam fundamentalmente, as seguintes medidas: o pagamento das uvas a preços justos e a proibição de compra de uvas abaixo dos custos de produção, a prioridade à aguardente regional na produção de vinho do Porto, que seria um meio dos viticultores escoarem o vinho em excesso, maior fiscalização à entrada de mostos de fora da região, a compra pelo estado dos stocks em excesso nas adegas cooperativas e a programação de uma medida de destilação de crise.
Não devemos esquecer o papel fundamental que os pequenos viticultores desempenham, são a alma da região e quem mantém vivas as tradições culturais e a paisagem património mundial.
Do lado do comércio, casas exportadoras e comercializadoras;
- Nos últimos anos existe em geral uma diminuição do consumo e uma quebra na venda de vinho que abrange tanto o vinho do Porto como D.O.C. Douro e subsistem ainda stocks destes vinhos das produções de anos anteriores. Acrescentamos as incertezas e complicações das exportações para os EUA.
- No caso específico do vinho do Porto, a realidade do mercado mundial desde 2000, traduz uma quebra na comercialização em volume de 32% e este factor tem que ser considerado nas compras das empresas.
- Consideram que a destilação e a utilização de aguardente da região na produção de vinho do Porto, tem como inconvenientes, ser mais onerosa e isso encarecer o vinho do Porto e a sua utilização com o argumento da autenticidade passa a ideia distorcida de que o vinho do Porto que não é produzido com esta aguardente, na realidade todos os stocks das casas, não é tão autêntico ou genuíno.
O estado, através do Ministério da Agricultura, que refere acompanhar a crise na região, anunciou um plano de acção imediato, circunscrito ao momento – não se sabe se integra um plano mais abrangente - que compreende um apoio aos pequenos e médios viticultores do Douro que tenham uvas em excesso e as entreguem para destilação, num montante que pode ser superior a 13 milhões de euros, porém, com a contrapartida destes viticultores reduzirem a sua área de vinha e substituírem esta cultura por outras.
©Hugo Sousa Machado
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