Um ano difícil e muito exigente...
É assim que podemos caracterizar
mais um ciclo da vinha que acaba de terminar, um ano vitícola atípico, difícil,
exigente e com muito trabalho na vinha. Foi um ano desafiante que
obrigou a perceber melhor cada terroir específico, cada parcela da vinha e cada
casta, nuns casos para potenciar a produção e noutros para a salvar.
Tudo começou com um Inverno muito
chuvoso, com uma média de precipitação muito acima do habitual em todas as
sub-regiões do Douro. Registou-se um aumento aproximado de 40%, quando
comparamos os dados da precipitação com os valores médios dos últimos anos.
Normalmente, chuva no Inverno, no Douro é sempre muito benvinda, porque permite a reposição das reservas de água no solo. Todavia, o que aconteceu este ano foi um excesso de chuva e chuva até muito tarde. Abril e Maio foram também meses chuvosos e com temperaturas amenas, abaixo do que seria normal.
No início da Primavera e numa fase sensível e crítica da videira e da formação dos cachos, como vimos, a chuva manteve-se e as temperaturas foram mais baixas, causando um atraso no ciclo vegetativo da vinha e criando as condições climatéricas favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento de doenças e fungos na vinha, principalmente o míldio, mas também o oídio, entre outras, com a consequente necessidade de acompanhamento permanente e trabalho intenso para os necessários tratamentos fitossanitários.
Com estas informações que espero nos ajudem a
compreender melhor as características dos vinhos do Douro deste ano de 2016, só
nos resta esperar com paciência… e alguma ansiedade.
Normalmente, chuva no Inverno, no Douro é sempre muito benvinda, porque permite a reposição das reservas de água no solo. Todavia, o que aconteceu este ano foi um excesso de chuva e chuva até muito tarde. Abril e Maio foram também meses chuvosos e com temperaturas amenas, abaixo do que seria normal.
No início da Primavera e numa fase sensível e crítica da videira e da formação dos cachos, como vimos, a chuva manteve-se e as temperaturas foram mais baixas, causando um atraso no ciclo vegetativo da vinha e criando as condições climatéricas favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento de doenças e fungos na vinha, principalmente o míldio, mas também o oídio, entre outras, com a consequente necessidade de acompanhamento permanente e trabalho intenso para os necessários tratamentos fitossanitários.
Como consequências, houve um
aumento dos custos de produção e uma previsível diminuição do potencial
quantitativo da vinha.
Em Maio a chuva parou e a
temperatura começou a subir e a aproximar-se dos valores habituais para a
época. Nos meses que se seguiram, Junho, Julho e Agosto, registaram-se
temperaturas altas, muito calor com pouca amplitude térmica.
O Verão foi seco e assim se
manteve até à primeira semana de Setembro. Este calor de Verão provocou,
maturações irregulares e desequilibradas e também algum atraso na maturação (de
1 a 2 semanas relativamente a 2015), assim como, um défice hídrico nas videiras
que pode originar a paragem das maturações (nestes casos, a planta tem um mecanismo
de protecção natural, de acordo com o qual, em casos de temperaturas ambiente
acima dos 35ºC, pára a fotossíntese, atrasando as maturações), o que, nesta
fase, implicou o acompanhamento diário das maturações das uvas. E nestas condições,
as vinhas mais jovens, as situadas a cotas mais baixas e as uvas mais expostas,
são as mais atingidas.
Em todo o caso, as noites mais
frescas de Setembro e sobretudo a chuva de 13 de Setembro, acabou por favorecer
o reequilíbrio e a recuperação das uvas, sendo muito evidente neste ano, a
heterogeneidade dos comportamentos e ritmos diferentes de cada região e das
diferentes castas para atingir o seu estado ideal de maturação.
Seguiu-se a fase da vindima, que
em muitas situações exigiu paciência, decisões sensatas de fazer pausas ou
interrupções na vindima para recomeçar mais tarde e esperar pelo momento ideal
para obter as melhores maturações possíveis, em cada parcela de vinha e com
cada casta.
A vindima no final de Setembro e
início de Outubro, ocorreu com condições climatéricas muito boas e acabou por
compensar, atingindo as uvas um melhor equilíbrio, melhor maturação e melhor
qualidade.
As quebras quantitativas
previstas na produção, mantiveram-se, atingindo valores entre os 19% e 27%
(chegou a atingir em alguns casos valores de 40%). Foi um ano em que se revelou
decisivo, o conhecimento da vinha e as condições específicas de cada terreno e
a estratégia definida de acordo com este conhecimento, assim como o
acompanhamento e os tratamentos realizados na vinha.
No entanto, espera-se que a
qualidade dos vinhos da colheita de 2016 seja boa, melhor do que todas as
dificuldades do ano vitícola fariam supor, uma vez que os resultados das
fermentações acabaram por surpreender, pela côr e pelos aromas.
©HSM