domingo, 22 de novembro de 2015

# Douro: the 2015 harvest report

(Quinta da Costa de Baixo, Upper Corgo sub-region    © HSM archives)
Completed the recent harvest, the annual cycle of the vineyard in the Douro region is over. Let us consider the main characteristics of the wine year and the influence of the vagaries of nature and climate throughout the year.
We can begin by stating that, in general, it was an atypical year, let's look at the following summary:

The winter was cold and dry.

The spring was warmer and drier than usual for this time of year in this region. The months of April, May and June were even unusually warm and together with the high temperatures registered there was also a lack of water and it was precisely in the spring that the effects of the lack of rain were felt.

Indeed, the first major feature of this wine year was the drought, the permanent and severe water shortage that was, of course, a constant concern.
The consequence of these natural factors in the vineyards was the anticipation of the vineyard cycle, which started earlier than usual, flowering occurred in May and the “painter” (“veraison” or coloring) arrived in July.

Some producers harvest reports enhance the schist soils formations and its water retention capacity of the few winter rains and also the adaptability of indigenous Douro grape varieties, which turned out to prevent dehydration and even, as we shall see, to determine the balanced ripening of the grapes.
In addition to the vineyard ability to stay hydrated in these difficult conditions, we also have to consider  the cooler weather and cooler temperatures during maturation, which prevented the water stress of the vines.

Then, in summer, remained the lack of water. During July and August, temperatures were less warm, and cooler than is the norm in this region at this time of year, with cooler nights, which contributed to the maturation balance and uniformity of maturation and to the natural acidity of the grapes.

There was a precocious maturation and in many cases the harvest was anticipated. At the beginning of the harvest the grapes had great looks and were in very good condition and a clear quality good balance between the level of sugar and acidity, with the ideal conditions at this late maturing cycle. All at this stage pointing to a good harvest.

Then in full harvest, there was the critical moment, with heavy rains on 15 and 16 September. After long and widespread drought, vines, thirsty, immediately absorbed rain water with consequent dilution of the grapes.

It was the time of big decisions and the harvest interruption for a few days was the right one and also the most risky considering the uncertainty of the weather and the return of rain. However, these standby days enabled the disappearance of the effects of the diluting of the grapes.

Resuming the harvest, it was found that the interruption offset the risk assumed, since the rain eventually help balance the ripening of the grapes which were in excellent health condition and the maturation was more regular, which also led to a general quality improvement.

We recall also that the previous two vintages, 2013 and 2014 that were very affected by the rain.

Entered in October, appeared the first autumn rains.

In conclusion, the analysis of the various registers of producers and harvest reports, despite the widespread drought, weather conditions, especially in the summer and until the beginning of the harvest, did not harm the vines and grapes that endured the heat, but had effects in the production levels, which were lower compared to the average of the Douro, that is already low (approximate and not definitive figures represented a reduction of 10%), which in some specific situations represented a reduction of over 40%.

It was also a year in which the conditions turned out to be favorable to a homogeneous vegetative growth of the grapes and a very high average quality balanced wines with lots of color and firm tannins.

Between producers the enthusiasm is great. Niepoort is convinced that 2015 will be a better year than 2011 for Port wines and the DOC Douro. Graham's refers to an "exceptional" year. Some critics follow, speaking of an excellent year.

If in 2014 we concluded the report mentioning that it was not a year for classic vintage statements, in 2015 we can say that will be a year of great wines and in all likelihood will be a year of classic vintages. For confirmation we can only wait by the spring of 2017.





© HSM


# Douro: o relatório da vindima de 2015


(Quinta da Costa de Baixo, Cima Corgo    © HSM archives)
Com a recente vindima terminou o ciclo anual da vinha na região do Douro. Vamos então considerar as principais características do ano vitivinícola e a influência dos caprichos da natureza e do clima ao longo do ano.

Podemos começar por afirmar que, em geral, se tratou de um ano atípico, vejamos um resumo:

O Inverno foi frio e seco.

A Primavera foi mais quente e seca do que o habitual para esta época do ano. Os meses de Abril, Maio e Junho foram mesmo anormalmente quentes e a par das temperaturas altas houve também falta de água e foi precisamente na Primavera que os efeitos da falta de chuva se fizeram sentir.
Com efeito, a primeira grande característica deste ano vinícola foi a seca, a permanente e severa falta de água que foi, desde logo, um factor de preocupação.

A consequência destes factores naturais para as vinhas foi a antecipação do ciclo da vinha, que se iniciou mais cedo do que o habitual, a floração ocorreu em Maio e o pintor (veraison) chegou em Julho.

Os relatórios de vindima de alguns produtores realçam a constituição dos solos xistosos e a sua capacidade de retenção da água das poucas chuvas do Inverno e também a capacidade de adaptação das castas autóctones da região do Douro, o que acabou por evitar a desidratação e até, como veremos, a determinar a maturação equilibrada das uvas.

Para além da capacidade da vinha se manter hidratada nestas condições difíceis, houve ainda a considerar o tempo mais fresco com temperaturas mais baixas durante a maturação, o que permitiu evitar o stress hídrico das vinhas.
Depois, no verão, a falta de água manteve-se. Nos meses de Julho e Agosto, as temperaturas foram menos quentes, mais amenas do que é a regra nesta região nesta época do ano, com noites mais frescas, o que contribuiu para o equilíbrio e a homogeneidade das maturações e para a acidez natural das uvas.

Houve uma maturação precoce e em muitos casos a vindima foi antecipada. No início da vindima as uvas tinham um excelente aspecto e estado e uma qualidade evidente, com bom equilíbrio entre o grau de açúcar e a acidez, com condições ideais neste ciclo final de maturação. Tudo nesta fase apontava para uma boa vindima.

Depois, em plena vindima, aconteceu o momento crítico, com as chuvas fortes nos dias 15 e 16 de Setembro. Após a longa e generalizada seca, as videiras, sedentas, absorveram de imediato a água da chuva com a consequente diluição dos bagos.

Foi o momento das grandes decisões e suspender a vindima por alguns dias foi a mais acertada e também a mais arriscada pela incerteza do clima e do regresso da chuva. Estes dias de espera permitiram o desaparecimento dos efeitos da diluição do açúcar das uvas.

Retomada a vindima, verificou-se que a interrupção compensou o risco assumido, uma vez que a chuva acabou por ajudar a equilibrar a maturação das uvas, que estavam num excelente estado sanitário e com as maturações foram mais regulares, o que também originou uma melhoria generalizada da qualidade.

Relembramos também que as duas vindimas anteriores, de 2013 e 2014, foram muito marcadas e afectadas pelas chuvas.

Entrados em Outubro, apareceram as primeiras chuvas de Outono.

Em conclusão, pela análise dos diversos registos dos produtores e dos relatórios de vindima, apesar da seca generalizada, as condições climatéricas, sobretudo no verão e até ao inicio da vindima, não prejudicaram as videiras e as uvas suportaram bem o calor, mas teve efeitos na produção, que foi menor quando comparada com a média do Douro, já de si baixa (em números aproximados e não definitivos representou uma redução de 10%), que em algumas situações especificas representou uma redução superior a 40%.

Foi também um ano em que as condições acabaram por ser favoráveis com um crescimento vegetativo homogéneo e com uma qualidade média muito elevada, com vinhos equilibrados, com muita côr e taninos firmes.

Entre os produtores o entusiasmo é grande. Niepoort está convencido que 2015 será um ano melhor que o de 2011 para os vinhos do Porto e para os DOC Douro. A Graham´s refere um ano “excepcional”. Alguns críticos acompanham, falando num ano excelente.


Se em 2014 concluímos que não seria um ano para declarações de vintage clássico, em 2015 podemos referir que será um ano de grandes vinhos e com toda a probabilidade será um ano de vintage clássico. Para a confirmação resta-nos esperar pela primavera de 2017.
© HSM
(Quinta da Costa de Baixo, Cima Corgo    © HSM archives)