(Quinta da Costa de Baixo, Upper Corgo sub-region © HSM archives) |
Completed the recent harvest, the
annual cycle of the vineyard in the Douro region is over. Let us consider the
main characteristics of the wine year and the influence of the vagaries of
nature and climate throughout the year.
We can begin by stating that, in general, it was an atypical year, let's
look at the following summary:
The spring was warmer and drier
than usual for this time of year in this region. The months of April, May and
June were even unusually warm and together with the high temperatures registered
there was also a lack of water and it was precisely in the spring that the
effects of the lack of rain were felt.
Indeed, the first major feature
of this wine year was the drought, the permanent and severe water shortage that
was, of course, a constant concern.
The consequence of these natural
factors in the vineyards was the anticipation of the vineyard cycle, which
started earlier than usual, flowering occurred in May and the “painter” (“veraison”
or coloring) arrived in July.
Some producers harvest reports enhance
the schist soils formations and its water retention capacity of the few
winter rains and also the adaptability of indigenous Douro grape varieties,
which turned out to prevent dehydration and even, as we shall see, to determine
the balanced ripening of the grapes.
In addition to the vineyard
ability to stay hydrated in these difficult conditions, we also have to
consider the cooler weather and cooler
temperatures during maturation, which prevented the water stress of the vines.
Then, in summer, remained the
lack of water. During July and August, temperatures were less warm, and cooler
than is the norm in this region at this time of year, with cooler nights, which
contributed to the maturation balance and uniformity of maturation and to the
natural acidity of the grapes.
There was a precocious maturation
and in many cases the harvest was anticipated. At the beginning of the harvest
the grapes had great looks and were in very good condition and a clear quality
good balance between the level of sugar and acidity, with the ideal conditions
at this late maturing cycle. All at this stage pointing to a good harvest.
Then in full harvest, there was
the critical moment, with heavy rains on 15 and 16 September. After long and
widespread drought, vines, thirsty, immediately absorbed rain water with
consequent dilution of the grapes.
It was the time of big decisions
and the harvest interruption for a few days was the right one and also the most
risky considering the uncertainty of the weather and the return of rain. However,
these standby days enabled the disappearance of the effects of the diluting of
the grapes.
Resuming the harvest, it was
found that the interruption offset the risk assumed, since the rain eventually
help balance the ripening of the grapes which were in excellent health condition
and the maturation was more regular, which also led to a general quality improvement.
We recall also that the previous
two vintages, 2013 and 2014 that were very affected by the rain.
Entered in October, appeared the
first autumn rains.
In conclusion, the analysis of
the various registers of producers and harvest reports, despite the widespread
drought, weather conditions, especially in the summer and until the beginning
of the harvest, did not harm the vines and grapes that endured the heat, but
had effects in the production levels, which were lower compared to the average
of the Douro, that is already low (approximate and not definitive figures
represented a reduction of 10%), which in some specific situations represented
a reduction of over 40%.
It was also a year in which the
conditions turned out to be favorable to a homogeneous vegetative growth of the
grapes and a very high average quality balanced wines with lots of color and
firm tannins.
Between producers the enthusiasm
is great. Niepoort is convinced that 2015 will be a better year than 2011 for
Port wines and the DOC Douro. Graham's refers to an "exceptional"
year. Some critics follow, speaking of an excellent year.
If in 2014 we concluded the
report mentioning that it was not a year for classic vintage statements, in
2015 we can say that will be a year of great wines and in all likelihood will
be a year of classic vintages. For confirmation we can only wait by the spring of
2017.
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# Douro: o relatório da vindima de 2015
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# Douro: o relatório da vindima de 2015
(Quinta da Costa de Baixo, Cima Corgo © HSM archives) |
Com a recente vindima terminou o ciclo anual da vinha na região do
Douro. Vamos então considerar as principais características do ano vitivinícola
e a influência dos caprichos da natureza e do clima ao longo do ano.
Podemos começar por afirmar que, em geral, se tratou de um ano atípico,
vejamos um resumo:
O Inverno foi frio e seco.
A Primavera foi mais quente e
seca do que o habitual para esta época do ano. Os meses de Abril, Maio e Junho
foram mesmo anormalmente quentes e a par das temperaturas altas houve também
falta de água e foi precisamente na Primavera que os efeitos da falta de chuva
se fizeram sentir.
Com efeito, a primeira grande
característica deste ano vinícola foi a seca, a permanente e severa falta de água
que foi, desde logo, um factor de preocupação.
A consequência destes factores
naturais para as vinhas foi a antecipação do ciclo da vinha, que se iniciou
mais cedo do que o habitual, a floração ocorreu em Maio e o pintor (veraison)
chegou em Julho.
Os relatórios de vindima de
alguns produtores realçam a constituição dos solos xistosos e a sua capacidade
de retenção da água das poucas chuvas do Inverno e também a capacidade de adaptação
das castas autóctones da região do Douro, o que acabou por evitar a desidratação
e até, como veremos, a determinar a maturação equilibrada das uvas.
Para além da capacidade da vinha
se manter hidratada nestas condições difíceis, houve ainda a considerar o tempo
mais fresco com temperaturas mais baixas durante a maturação, o que permitiu
evitar o stress hídrico das vinhas.
Depois, no verão, a falta de água
manteve-se. Nos meses de Julho e Agosto, as temperaturas foram menos quentes,
mais amenas do que é a regra nesta região nesta época do ano, com noites mais
frescas, o que contribuiu para o equilíbrio e a homogeneidade das maturações e
para a acidez natural das uvas.
Houve uma maturação precoce e em
muitos casos a vindima foi antecipada. No início da vindima as uvas tinham um
excelente aspecto e estado e uma qualidade evidente, com bom equilíbrio entre o
grau de açúcar e a acidez, com condições ideais neste ciclo final de maturação.
Tudo nesta fase apontava para uma boa vindima.
Depois, em plena vindima, aconteceu
o momento crítico, com as chuvas fortes nos dias 15 e 16 de Setembro. Após a
longa e generalizada seca, as videiras, sedentas, absorveram de imediato a água
da chuva com a consequente diluição dos bagos.
Foi o momento das grandes
decisões e suspender a vindima por alguns dias foi a mais acertada e também a
mais arriscada pela incerteza do clima e do regresso da chuva. Estes dias de
espera permitiram o desaparecimento dos efeitos da diluição do açúcar das uvas.
Retomada a vindima, verificou-se que
a interrupção compensou o risco assumido, uma vez que a chuva acabou por ajudar
a equilibrar a maturação das uvas, que estavam num excelente estado sanitário e
com as maturações foram mais regulares, o que também originou uma melhoria
generalizada da qualidade.
Relembramos também que as duas
vindimas anteriores, de 2013 e 2014, foram muito marcadas e afectadas pelas
chuvas.
Entrados em Outubro, apareceram
as primeiras chuvas de Outono.
Em conclusão, pela análise dos
diversos registos dos produtores e dos relatórios de vindima, apesar da seca generalizada,
as condições climatéricas, sobretudo no verão e até ao inicio da vindima, não
prejudicaram as videiras e as uvas suportaram bem o calor, mas teve efeitos na
produção, que foi menor quando comparada com a média do Douro, já de si baixa
(em números aproximados e não definitivos representou uma redução de 10%), que
em algumas situações especificas representou uma redução superior a 40%.
Foi também um ano em que as
condições acabaram por ser favoráveis com um crescimento vegetativo homogéneo e
com uma qualidade média muito elevada, com vinhos equilibrados, com muita côr e
taninos firmes.
Entre os produtores o entusiasmo
é grande. Niepoort está convencido que 2015 será um ano melhor que o de 2011 para
os vinhos do Porto e para os DOC Douro. A Graham´s refere um ano “excepcional”.
Alguns críticos acompanham, falando num ano excelente.
Se em 2014 concluímos que não
seria um ano para declarações de vintage clássico, em 2015 podemos referir que
será um ano de grandes vinhos e com toda a probabilidade será um ano de vintage
clássico. Para a confirmação resta-nos esperar pela primavera de 2017.
© HSM
(Quinta da Costa de Baixo, Cima Corgo © HSM archives) |