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quarta-feira, 22 de maio de 2019

Churchill's e a Quinta da Gricha,

o berço dos vinhos da Churchill's

Resumo: 
  • O início: 1981, o ano de fundação da Churchill's
  • A Churchill's, antes da Quinta da Gricha
  • A Quinta da Gricha, o centro de actividade da Churchill's no país do vinho do Porto
  • A Quinta e a importância da localização, o conhecimento do lugar
  • As Vinhas
  • Caracterização da Vinha
  • A Vinificação e os Vinhos
  • A Identidade e o estilo dos vinhos da Churchill's
  • Vinhos do Porto
  • Vinhos DOC Douro
  • Os Porto Vintage "Churchill's"

O início: 1981, o ano de fundação da Churchill's
    A história da Churchill's é anterior à aquisição da Quinta da Gricha e começou em 1980 quando John Graham deixa o cargo de direcção que ocupava na conhecida firma de vinho do Porto "Cockburn's", com a intenção de fundar uma companhia independente de vinho do Porto.

    John Graham nasceu no Porto em 1952, viveu alguns anos em Inglaterra e voltou para Portugal em 1973, para trabalhar na "Cockburn's", de 1973 a 1980 (também com funções de consultor na casa "Taylor's"), onde fez toda a sua aprendizagem profissional e onde era director em 1980.

    A Churchill's foi fundada em 1981 pelos irmãos Anthony, William e John Graham. Surge então com a designação "Churchill Graham, Lda.", à época a primeira companhia produtora britânica independente de vinho generoso, a estabelecer-se em 50 anos, no último quartel do século XX, cumprindo os necessários requisitos regulamentares que obrigavam a empresa a possuír um armazém no entreposto de Vila Nova de Gaia e um stock de 150.000 litros de vinho do Porto (cerca de 270 pipas de 550 litros).

   A própria marca "Churchill's" tem também a sua própria história. A família "Graham" foi, no passado, proprietária da conhecida Quinta dos Malvedos, no Douro, e da famosa marca de vinho do Porto "Graham's". No início dos anos 60 do século XX, a Quinta dos Malvedos foi vendida à família Symington. O antigo negócio familiar de vinho do Porto e a marca com a designação comercial "Graham's", a companhia de vinhos do Porto com origem no seu nome de família, foram também vendidos, mais tarde, em 1970, à mesma família Symington e integra actualmente o portfolio das marcas desta empresa. Recordamos que, membros da família Symington estiveram envolvidos no negócio da produção e comercialização de vinho do Porto através da casa Graham's. Assim, chegamos à actual nomenclatura "Churchill's", que é na realidade o nome de família da mulher de John Graham, Caroline Churchill. Na impossibilidade de utilização comercial da designação "Graham", a firma combina os dois nomes "Churchill Graham".

   Este importante passado de envolvimento no negócio do vinho do Porto não é despiciendo, assegurou também a credibilidade neste meio muito particular, que não é garantida apenas pela qualidade dos vinhos que se produzem. John Graham quis manter a longa tradição familiar e afirmar-se na produção exclusiva de vinhos do Porto de qualidade, criando simultaneamente um produto com a sua marca e com o estilo próprio que pretendia. Depois, num segundo momento da vida da empresa, com a aquisição de vinhas prórpias com a Quinta da Gricha, forma criadas as condições para a produção de vinhos de mesa DOC Douro.

    Em apenas pouco mais de 3 décadas, a companhia criou uma reputação no mercado, pela produção de vinhos do Porto de grande e consistente qualidade.

A Churchill's antes da Quinta da Gricha

    Antes de possuír vinhas próprias, John Graham tinha chegado a um acordo com Jorge Borges de Sousa (o avô de Jorge Serôdio Borges, Wine & Soul), que era seu conhecido de muitos anos e à época fornecedor da casa "Cockburn's". A família Borges de Sousa, é uma família de proprietários e produtores do Douro com várias propriedades extraordinárias e com uvas de grande qualidade, como a Quinta da Água Alta (na margem direita do Douro, em Covas do Douro, Sabrosa), a Quinta do Fojo e a Quinta da Manuela (no vale do Pinhão, em Vale de Mendiz, Alijó), assim como possuia um grande stock de vinhos do Porto armazenados. Através daquele acordo, em cada vindima, John Graham poderia fazer a primeira selecção das melhores uvas e vinhos das diversas vinhas das diferentes propriedades de Borges de Sousa.
    E esta foi a base dos vinhos produzidos pela Churchill's durante cerca de 20 anos e que ajudou a empresa a alcançar reconhecimento pela qualidade dos seus vinhos do Porto.

    Contudo, em 1999, a morte de Borges de Sousa encerrou um ciclo, uma vez que os seus netos tinham a intenção de iniciar um projecto com produção própria, que seria incompatível com o acordo de fornecimento mantido até então com a Churchill's, que assim, deixou de contar com esta importante fonte para a produção dos seus vinhos, uma realidade que acabou por impôr a necessidade da difícil tarefa da procura de propriedades na região para aquisição de vinhas próprias.

A Quinta da Gricha
o centro de actividade da Churchill's no país do vinho do Porto


    [Gricha s.f.: "fenda em rocha ou fraga, principalmente se dela sai água" (in Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo) - "nascente de água que sai da fenda de fraga ou rochedo", "a água fria da fonte da gricha..." (in Dicionário de Morais)]

A gricha

    Um apontamento histórico

    São escassos os registos disponíveis com referências históricas acerca da Quinta da Gricha. Trata-se, no entanto, de uma quinta que já produz vinho há muitos anos, pelo menos desde o segundo quartel do século XIX. As datas gravadas no edifício do antigo cardenho(1), 1820, e a data de construção dos antigos lagares de granito, 1852, assim o indicam.

    A Quinta da Gricha produz vinhos do Porto, pelo menos, desde 1840, e com marca e rótulo próprio desde 1999. Não possuí a espessura história de muitas outras quintas do Douro mas, no entanto, é uma quinta do século XIX com a sua história particular, numa fase da história de rápida expansão da viticultura duriense, quando muitas quintas surgiram no Douro para responder à crescente procura de vinho do Porto nos mercados externos, que tinha começado algum tempo antes, em meados do século XVIII.

Alguns registos com referências a "Gricha" e "Quinta da Gricha":

    A demarcação da zona de Roriz, efectuada a 10 de Novembro de 1758, determina que: "Principia a demarcação de vinho para 15$000 réis no rio Douro, onde nele entra o regato que vem da Gricha..." (in Demarcações Pombalinas do Douro Vinhateiro, de Álvaro Baltazar Moreira da Fonseca).

   Outras referências históricas do livro "Roriz, história de uma Quinta no Coração do Douro", de Gaspar Martins Pereira: "Em Fevereiro tirava-se o vinho a limpo, trasfegando-se dos tonéis para as pipas em que deveria ser feita a carregação. Em 1899, deixou de se fazer a trasfega a «caneco», utilizando-se nesse ano a bomba da Quinta da Gricha. Provavelmente para experimentar o novo processo.".

   Tratando da Quinta de Roriz, em 1907 chegou a ser equacionada a compra de uma das quintas próximas de Roriz: "lembrou-se a conveniência de se comprar a Quinta da Gricha.", mas as negociações não foram bem sucedidas.

    A 1 de Abril de 1909, a propósito do registo (em nome de Cristiano Van Zeller) dos direitos de descoberta de duas minas de estanho, "uma na Quinta da Gricha, pertencente (nesse ano) a José Gomes de Carvalho, outra no sítio das fragas de Roriz...".

    Em 1978, "o proprietário da Quinta da Gricha, José Pessanha Seixas, escreveu a Rolando Van Zeller, para conseguir o abastecimento de electricidade pelo posto transformador instalado em Roriz. Seixas conseguiu os seus objectivos. No entanto, a partir de 1989, começou a ter severas dificuldades financeiras, deixando de liquidar os consumos de electricidade, tendo acumulado uma elevada dívida à Quinta de Roriz que, depois de muitos avisos, obrigou ao corte do abastecimento de electricidade à Gricha em 1995.".

    "Pela quebrada do nascente...cortados pelo caminho que a Ervedosa conduz e passa pela Quinta da Gricha debruçada no alto..." (in "o Douro: Principais Quintas, Navegação, Culturas, Paisagens e Costumes" de Manuel Monteiro).

    Ainda, a descrição do livro "Quintas do Douro", de J. Alcino Monteiro (1960):
    "Gricha: freguesia de Ervedosa do Douro, concelho de São João da Pesqueira. Proprietário (em 1960): Sr. João Baptista de Morais Frias, residente em Soutelo do Douro. Quinta bastante importante pela sua situação. Está situada na margem direita do rio Torto, na altitude de 140/300m e em terreno bastante cascalhento.Tem um povoamento de cerca de 30 milheiros de vinha, bastantes oliveiras e árvores de fruta, principalmente laranja. A sua produção em vinho de finíssima qualidade é bastante elevada, produz também azeite, em quantidade apreciável.
    Dispõem de boas instalações, muito bem apetrechadas e uma boa casa de habitação.".

    Em 1999, a Quinta da Gricha foi adquirida pela Churchill's, uma propriedade com uma área total de 50 hectares.

A Quinta e a importância da localização, o conhecimento do lugar

    
    A Quinta emblemática da Churchill's, que está actualmente na origem dos seu vinhos do Porto e DOC Douro, localiza-se na sub-região do Cima Corgo, na margem sul do rio Douro, entre o Pinhão e São João da Pesqueira, na freguesia de Ervedosa do Douro (Ervedosa do Douro é a maior produtora de vinho generoso de toda a região demarcada do Douro) e no concelho de São João da Pesqueira, é vizinha da histórica Quinta de Roriz, está situada numa das melhores áreas de produção de vinho do Porto.

    Como referimos antes, até 1999, as uvas para os vinhos do Porto da Churchill's tinham origem em propriedades e vinhas localizadas na margem norte do rio Douro, o mesmo é dizer, com uma exposição predominante a sul, quem originavam vinhos com um perfil mais terroso e quente e com um estilo mais concentrado. As vinhas das propriedades do vale do rio Pinhão tinham característica semelhantes.
    John Graham era da opinião que se deveria procurar um local mais fresco, que contribuísse com as componentes de frescura, acidez natural e pureza de fruta, elementos essênciais para o perfil dos vinhos que queria produzir.

    Próxima da famosa Quinta da Roriz, a Quinta da Gricha é um terroir de excelentes vinhedos, de reconhecida qualidade e classificados com a classe "A"(2), com uma exposição suave e predominantemente a norte, o que foi um factor decisivo para a sua escolha. As suas vinhas beneficiam de mais horas de sombra, de menos horas de luz solar directa, sobretudo nos finais das quentes tardes de Verão e uma exposição ao vento que naturalmente regula a maior humidade, conseguindo-se a frescura que é indispensável (forçosamente as uvas e os vinhos aqui produzidos vão expressar esta frescura) e boas maturações, mais longas e equilibradas. Para além de tudo, veio permitir o controlo de todo o processo de produção, da viticultura, à pisa nos lagares e à vinificação.

    No Douro, cada quinta, cada propriedade e cada vinha, tem as suas características próprias, pelas condições especificas e diferentes processos de viticultura, vinificação e enologia. É também assim com a Quinta da Gricha, onde nascem os vinhos da Churchill's e foi com a aquisição desta propriedade que a produção dos vinhos DOC Douro se iniciou e impulsionou.

    À data de compra da Quinta da Gricha, foi também adquirida uma outra propriedade de menor dimensão, a Quinta do Rio, no não muito distante vale do rio Torto, um afluente do rio Douro, na sua margem sul e também na sub-região do Cima Corgo, uma propriedade com 12 hectares de vinha, também com a classificação "A", com maior exposição solar e que produzia um estilo de vinho do Porto mais quente, frutado, floral e concentrado, que se poderia considerar nos antípodas dos vinhos da Gricha, mas aqui a intenção consciente era alargar a possibilidade de escolha e ter uma garantia para obter os melhores resultados possíveis em cada vindima. No entanto, as sucessivas produções acabaram por não revelar a consistência das características necessárias para o perfil pretendido para os vinhos da casa e a possibilidade de aquisição de mais parcelas de terreno contíguas à Quinta da Gricha acabou por determinar a decisão de venda da Quinta do Rio.
    Ainda, durante um curto período, de 1999 a 2002, foi arrendada a Quinta da Perdiz, também no vale do rio Torto, que acabou por ter uma influência muito reduzida nos vinhos da casa.



    1999 foi o primeiro ano em que a Churchill's utilizou uvas da Quinta da Gricha na produção de vinho do Porto vintage.

    Na tradição histórica das quintas do Douro, como centros e unidades de exploração e produção vitícola integrada, orientada para a vitivinicultura, é possível reconhecer na arquitectura tradicional da quinta os edifícios e as suas funções e a divisão original das áreas e dos espaços.

    A maior construção, a antiga casa da quinta, a casa principal destinada à habitação do proprietário e todas as restantes estruturas de apoio à actividade da quinta, o edifício independente da casa dos lagares com os antigos lagares de granito com colunas esculpidas, um elemento decorativo pouco comum no Douro, e com uma capacidade entre 6000 a 7000kg (existem também lagaretas de granito, mais pequenas com uma capacidade de cerca de 2000kg), depois a adega e a oficina vinária, a casa do caseiro e os cardenhos(1). Alguns destes espaços estão actualmente adaptados a novas necessidades e utilizações, como uma nova sala de provas, o laboratório, dormitórios e escritório. Depois, os espaços exteriores que constituem o património natural da quinta, para além dos vinhedos, o jardim, a horta, o pomar, o olival e o amendoal.

Vista a partir da Quinta da Gricha, com a Quinta de Roriz ao fundo

   Recentemente, em 2016, concluiu-se o projecto de requalificação de infraestruturas, com a construção de uma adega, caves de maturação, laboratório e do armazém, assim como a recuperação, conservação e preparação da casa principal da quinta, que se encontrava parcialmente em ruínas, para receber hóspedes, o que se designa hoje por "Gricha Vineyard Residence". Nesta recuperação e restauro, houve a preocupação em respeitar a essência dos elementos da arquitectura tradicional da antiga casa, manteve-se a traça tradicional típica e no interior houve o cuidado em manter a estrutura, os espaços e, sempre que possível, com a utilização de materiais idênticos, como são um bom exemplo os caixotões e o travejamento de madeira dos tectos.

    A Quinta como conjunto de recursos turísticos foi também aproveitada e valorizada, acompanhando a actual e crescente tendência de articulação da vitivinicultura, das actividades na quinta, do enoturisto e do turismo cultural.

As vinhas

A vinha em patamares
    Uma quinta com cerca de 20 hectares de uma vinha já existente que corresponde a cerca de metade da actual área total de vinhedo, que é constituída por uma mistura de vinhas muito velhas e outras áreas de vinha com uma idade média de aproximadamente 35 anos. Desde então, iniciou-se um criterioso trabalho de replantação e reconversão da vinha e esta área foi aumentada para o dobro da área inicial.
    Em 2009, a área inicial da vinha já tinha sido alargada para cerca de 37ha. Actualmente, a Quinta da Gricha possuí uma área total de 50ha, 40 dos quais plantados com vinha.

Caracterização da Vinha 

Da área total actual de vinha com 40 hectares, a uma altitude entre os 150 e os 400 metros, aproximadamente 20ha estão plantados com vinhas muito velhas, com cerca de 70 anos de idade e com vinhas com 35 anos, estas últimas plantadas no âmbito do programa PDRITM(3). Os restantes 20ha correspondem a vinhas mais recentes plantadas no anos 2007, 2008 e 2009, com as castas Touriga Nacional, Touriga Francesa, Sousão  e depois Rabigato e Viosinho na parcela mais alta.

O tipo de terreno: são terrenos essencialmente xistosos, com afloramentos graníticos. Parte das vinhas estão implantadas em terrenos de antigas minas de estanho e os solos têm uma componente mineral muito forte, que acaba também por se reflectir nos vinhos.

Os sistemas de armação do terreno: existem vários tipos de socalcos, a vinha tradicional em socalcos pós filoxéricos e a vinha em patamares de 1 e 2 bardos. A vinha velha é em estilo anfiteatro.

O encepamento: existe uma variedade de castas em que se encontram predominantemente Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinta Francisca e Tinto Cão e um blend constituído por outras castas diversas  e misturadas e que está na origem dos vinhos do Porto da casa.
As vinhas do programa PDRITM com mais de 35 anos são constituídas por Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Francesa.

O que tem de especial o "Talhão 8" da vinha da Quinta da Gricha?

    "O talhão 8 é constituído por Touriga Nacional e está na origem de um vinho de quantidades muito reduzidas feito a partir de uma vinha que eu acho especial. Não é uma vinha velha, estamos a falar de uma vinha com cerca de 19 anos que, ano após ano, produz uma Touriga Nacional de qualidade e consistência assinaláveis. Sem perder a exuberância característica desta casta, mostra também uma elegância e uma estrutura muito bem definidas. Por essa razão, entendemos que é um vinho que exemplifica bem o pedigree de uma quinta como a Gricha." (Ricardo Pinto Nunes, Director de Produção e Enólogo da Churchill's).

    Ainda de acordo com Ricardo Pinto Nunes, este é um terroir por excelência para as castas Touriga Nacional e Touriga Francesa, salvaguardando que a essência e a força do Douro assenta no potencial dos vinhos produzidos a partir de vinhas muito velhas, dos chamados field blends.
    Existe uma predominância intencional da Touriga Nacional que é uma casta com uma expressão excepcional nestes terrenos, tanto para o vinho do Porto como para os vinhos de mesa, amadurece com um nível alcoólico baixo, cerca de 12% a 13%, tem tendência para uma baixa produção, com cachos compactos e bagos pequenos, é muito aromática e tem uma boa estrutura tânica. Dá origem a vinhos de elevada pureza e foco e com uma excelente acidez natural.

    No futuro o objectivo é alargar a área de vinha em mais cerca de 5ha, onde vão ser plantadas 10 a 15 castas diferentes, a pensar num futuro field blend.

    Os vinhos que não incluem o nome da quinta no rótulo são produzidos a partir de uvas adquiridas a lavradores (que são cerca de 15), com os quais existe uma relação bastante próxima e de muitos anos. Alguns são fornecedores da Churchill's desde 1999,o ano em que a Quinta da Gricha foi adquirida, o que permite conhecer muito bem todo o potencial das vinhas e das uvas, como garantia de consistência do perfil dos vinhos.



A Vinificação e os vinhos

    Como referimos, este é um terroir especial, que dá origem a vinhos com características especificas e reconhecíveis que lhe conferem a identidade, a frescura e acidez natural que se consegue conservar e manter mesmo em anos muito quentes, o que é determinante para a elegância, equilíbrio e capacidade evolutiva dos vinhos.

    Os vinhos brancos são produzidos a partir de uvas de vinhas situadas em terrenos a maior altitude e em solos graníticos. Existe uma vinha de castas brancas situada no alto da quinta, que é usada para os vinhos brancos de mesa, contudo, são também usadas uvas de outras zonas mais altas do Douro como Murça, pelos seus solos mais graníticos e porque asseguram frescura e uma maturação mais tardia, que são elementos procurados pela casa. 
    A acidez é uma característica transversal a todos os vinhos da Churchill's, com uma componente mineral sempre presente. Nos vinhos tintos são características as sugestões de frutos negros, mirtilos e amoras maduras.

    Em 2007, foi pela primeira vez introduzido no lote um vinho do Douro Superior, com um estilo mais musculado e rústico, sem a finesse que caracteriza o Cima Corgo. O "Grande Reserva" é um vinho que combina 3 ou 4 vinhas muito velhas situadas no Cima Corgo e no Douro Superior, que segundo RPN: "é um vinho com a força típica de um blend de vinhas velhas, com estrutura e complexidade, fechado e tenso, mas com uma vinosidade e potencial de envelhecimento muito bons.".

    Os vinhos do Porto são ainda, integralmente produzidos, pelo método tradicional, nos antigos e tradicionais lagares de granito da quinta da Gricha, com mais de 150 anos, que são também parte do orgulho da casa.
    Tradicionalmente os vinhos do Porto eram produzidos com pisa a pé em lagares de granito ou xisto, método que requer muita mão-de-obra disponível. Tipicamente as companhias de vinho do Porto, recrutavam os trabalhadores para a vindima numa mesma aldeia, que ficavam juntos no Douro, vindimavam durante o dia e trabalhavam nos lagares à noite, o que é uma prática social antiga.

    A Churchill's faz questão de manter a ancestral tradição da pisa a pé para todos os seus vinhos do Porto, enquanto fôr possível, porque se acredita que, apesar de ser um método dispendioso é ainda o processo mais eficiente e o que tem melhores resultados e que confere aos vinhos do Porto toda a côr e os necessários taninos suaves. Há uma importância dada ao pormenor, uma atenção e cuidado com as pequenas coisas, que é também o que o consumidor mais informado e especializado procura.
   Outro factor diferenciador é o facto dos vinhos do Porto fermentarem naturalmente sem a adição de leveduras. "Esse factor, aliado ao facto de deixarmos propositadamente a fermentação correr um pouco mais longe, dá origem a vinhos mais secos, estruturados e sem a necessidade de se adicionar tanta aguardente vínica, ou seja, com mais álcool "natural", i.e., álcool proveniente do processo fermentativo.". 



    No processo de produção de vinho do Porto que a Churchill's considera ser o mais indicado para o Porto vintage, em cada vindima procede-se a uma selecção muito criteriosa dos vinhos em prova cega, o que vai resultar numa distinção de 3 categorias de vinhos; Vintage, LBV e Reserve. Da classe "Vintage", saem os vinhos para os Vintage, Single Quinta Vintage, Crusted e reservas para os Tawny de 20 e 30 anos. Se se pretendem vinhos com potencial para envelhecer em garrafa como um vintage, é preciso esse mesmo potencial para os vinhos poderem envelhecer convenientemente em casco, com a capacidade para retêr fruta, côr e frescura. Da classe "LBV" saem também as reserva para o Tawny 10 anos. Finalmente, uma vez que só são produzidas categorias especiais, a classe "Reserve" que assegura o lote de Reserve Port. 

A identidade e o estilo dos vinhos "Churchill's"

    Assumidamente uma empresa de nicho, que é hoje uma referência na vocação especializada para a produção de vinhos do Porto e DOC Douro de grande qualidade. São vinhos feitos por pessoas que, na realidade, são artesãos e que se interessam realmente pelos vinhos que produzem. "A pequena escala da empresa permite produzir vinhos artesanais usando métodos tradicionais que muitas casas não conseguem aplicar devido à sua natureza demorada.".
    A aposta nas categorias especiais de vinho do Porto em que mesmo os ruby's são topo de gama. A selecção das uvas e todo o processo de vinificação é o mesmo, independentemente de se tratar de um Porto reserva, LBV, Crusted ou Vintage.

     Os vinhos têm um estilo mais fresco e seco, mesmo os tawnies com 10 e 20 anos de idade, passam por um período inicial de envelhecimento em grandes balseiros e só numa segunda fase passam para as pipas de 600 a 650 litros de capacidade, o que ajuda a manter a frescura da fruta, que é a principal característica dos tawnies da Churchill's. Nestes vinhos a expressão conferida pela madeira não surge tão vincada, como acontece com a generalidade dos tawnies de outros produtores.
    O carácter dos vinhos da Churchill's pode ser definido com um estilo característicamente estruturado e rico, complexo, com taninos suaves e um bom equilíbrio entre frescura, mineralidade e acidez.


"Gosto de fazer vinhos naturais, acima de tudo procuro o equilíbrio"

"My Ports are made with as much natural fermentation, and with as little fortification brandy as possible. I like to make wines in the most natural way. Above all I look for balance. I believe I brought this balance to Churchill's Ports. There is a consensus around the characteristics that define our house style which are easily identified.". John Graham

    A Churchill's continua a ser, essencialmente, uma empresa de vinho do Porto, no entanto, actualmente a sua produção divide-se aproximadamente em 50% vinho do Porto e 50% vinho DOC Douro.
    A Churchill's exporta cerca de 80% do total da sua produção de vinho do Porto e DOC Douro. O mercado britânico, os EUA, a Suécia, o Brasil, entre outros, são os seus principais mercados internacionais de exportação. O mercado nacional representa aproximadamente 20% do total de vendas.



O portfolio de vinhos actual, fortificados e não fortificados 

Os Vinhos do Porto

Churchill's dry white Port
Churchill's 10, 20, 30 e 40 years old Tawny Port
Churchil's Reserve Port
Churchill's LBV Port
Churchill's Crusted Port
Churchill's Quinta da Gricha Vintage Port (single quinta vintage)
Churchill's Vintage Port

Os Vinhos DOC Douro

Meio Queijo, branco e tinto
Churchill's Estates Douro, rosé, branco e tinto
Churchill's Estates Touriga Nacional
Churchill's Estates Grande Reserva tinto
Quinta da Gricha tinto
e os mais recentes:
Gricha tinto (um vinho feito a partir da mesma vinha velha da quinta, mas num estilo mais "borgonha", num estilo mais leve, menos extraído, mas sem perder a finesse, a qualidade e a estrutura dos vinhos feitos da vinha velha da Gricha).
Quinta da Gricha Talhão 8 (vinificado e fermentado em lagares robóticos na adega de vinhos de mesa, faz a fermentação maloláctica e envelhecimento em barricas de 500 litros).

Os Porto Vintage da "Churchill's"
A lista dos vinhos do Porto Vintage produzidos pela Churchill's, de 1999 a 2016. 1999 foi o ano do primeiro vintage produzido com uvas da Quinta da Gricha.
 


Onde?
drinkchurchills.com
Quinta da Gricha, Ervedosa do Douro, 5130-108 S. João da Pesqueira
Nas coordenadas geográficas latitude N: 41.18980º e longitude E: -7.47119º
Telf: 00351 254 422 136    email: enoturismo@churchills.pt

Churchill's (sede e centro de visitas em Vila Nova de Gaia)
Rua da Fonte Nova, n.º 5, 4400-156 Vila Nova de Gaia, Portugal
Telf.: 00351 22 370 36 41   email: office@churchills.pt

Visitors centre telf.: 00351 374 41 93 e 00351 22 370 36 41; tlm: 00351 91 310 60 66  email: lodge@churchills.pt

 

As notas: 

(1) Cardenho: a casa ou edifício dormitório destinado aos trabalhadores da quinta e das rogas durante a vindima.
(2) Classe "A": o sistema de classificação qualitativa das vinhas no Douro, em que as vinhas são seleccionadas de acordo com uma escala, da letra "A" à letra "F ", aplicando um método de pontuação que avalia determinados parâmetros com importância determinante no potencial qualitativo das vinhas. São considerados os elementos: a altitude, a produtividade, o tipo de solo, o sistema de condução da vinha, o encepamento, a inclinação do terreno, a exposição, o textura do solo, a idade das vinhas, o abrigo e a densidade da plantação.
Da aplicação de um sistema de pontuação a cada um destes parâmetros resulta uma classificação que corresponde a uma classe, sendo a classe "A" a mais alta. (fonte: IVDP, Instituto dos Vinhos do Douro e Porto).
(3) Programa PDRITM: o projecto de desenvolvimento rural integrado de Trás-os-Montes, foi um programa de financiamento aplicável ao plantio de novas vinhas e reconversão de vinhas já existentes.

O nosso agradecimento a Ricardo Pinto Nunes, pela disponibilidade e esclarecimentos prestados.

Texto e fotografias
©Hugo Sousa Machado


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